Seis pontos chave do trailer de Ghost In The Shell


Eis que o primeiro trailer de Ghost in The Shell está entre nós. Você gostou? Aqui no Armadura Nerd foi consenso que nós gostamos, e conversando em off deu pra ver que a coisa até que promete. Ainda assim estamos no modo "paciência e caldo de galinha não matam ninguém," porque quando criar expectativa positiva com um filme de anime deu certo? A vontade de colocar a mão no fogo até vem, mas eu gosto muito da minha mão pra ser tão ousada e alegre.

Olhando o Fantástico Mundo das Idiotices, fiquei chocada! A internet reagiu bem melhor do que eu pensei que ela reagiria ao trailer, logo a internet que parece aquela senhora mal humorada que sempre odeia e acha defeito em tudo. Cê tá de hack, internet?

Então apesar desse post não ser um Comentando, ele acaba sendo um Comentando ao mesmo tempo, pois eu venho falar de alguns momentos chave do trailer, e explodir sua cabeça com tanta nerdice, porque quem não ama nerdice? Bora lá.

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O filme é baseado no mangá de Masamune Shirow, que apesar de ter sido lançado em 1995 segue como um dos melhores exemplos de universo cyberpunk que já produziram. Num resumo rápido, mortal e rasteiro o Waka conta o que você precisa saber:


Dito isso, vamos ao ponto chave 1 do trailer.

1) A cidade de New Port


Com toda polêmica de escalarem Scarlett Johansson para viver a Major, não ficou claro e nem foi tão discutida outra coisa importante: se o cenário japonês seria mantido. E não demora nada para vermos uma cidade cyperpunk japonesa, e se isso não tinha deixado óbvio, o grupo de gueixas robôs nem um pouco bizarras foi a dica quente de que yep, definitivamente o filme se passa no Japão.

É um visual muito bonito: propagandas holográficas, placas-avatares enormes no alto de arranha-céus, sendo ao mesmo tempo futurista e até bem atual, considerando que por exemplo, esse é o visual verdadeiro da cidade de Tóquio:


No mangá a cidade em questão é chamada de Niihama, ou New Port City, nova capital do Japão após Tóquio (olha ela aí) e outros grandes centros foram destruídos numa guerra nuclear global. Também não sabemos se o filme vai usar essa história, mas não seria surpresa caso editem esses detalhes pra simplificar, pois o filme já vem se mostrando uma colagem de referências da franquia. O item 2 é prova disso.

2) Apresentando a Major


Depois do uau de começo, o trailer nos apresenta a Major. Enquanto o ataque das gueixas continua, a Major observa de cima, anuncia que "está indo," tira o casaco militar e revela seu traje high-tech, quebrando a janela e deitando os caras maus na base da bala. E qualquer semelhança não é mera ironia, solte o play e vá fazendo o tira teima das referências, mas vá na calma porque é muita referência mesmo:



Várias cenas se destacam, principalmente a luta nas docas onde nós vemos funcionar a camuflagem do traje em meio a água e tudo mais. A invisibilidade da Major é um fator importante no arsenal de habilidades dela, e como o trailer bem mostrou, a invisibilidade será um elemento que o filme não vai esquecer, sem falar do desafio que ele é, pois exige que a atriz vista quase nada.

3) As cenas de ação


Se formos falar de cenas de ação e moças sendo badass, Scarlett Johansson já não tem mais nada a provar para ninguém, afinal, os anos de Viúva Negra estão aí. No departamento sci-fi/futurista temos Sob a Pele e até mesmo Ela, que é incrível. Lucy também tem seu valor, ok? Então não é estranha sua experiência com esse tipo de personagem, nem que a ação do trailer de Ghost in The Shell seja boa.

Coreografia e cinematografia brilham com imagens em câmera lenta e ângulos diferentes. Lembrou de Matrix? Esse filme Ghost in The Shell tem grande inspiração em Matrix, e por sua vez Matrix teve grande inspiração no anime de Ghost in The Shell, ou seja, com o longa nós acabamos fechando o círculo de referências, risos.

O produtor Avi Arad disse anteriormente que um "novo processo de iluminação LED" foi usado, e forma a "fazer as paletas [de cores, obviamente] parecerem com o anime." A ação é realmente promissora, deixando aquele 1% perigoso de fé que agora vai. Ou será que não? O ponto 4 vai nos dizer.

4) Uma história de origem cheia de colagens


Não é só nas cenas de ação que existem referências. A história de origem da Major Motoko Kusanagi também sofreu um processo de corta-e-cola, virou uma colagem com várias referências internas e algumas mudanças. Vamos por partes.

A primeira e mais notável é que no trailer em momento algum ela é chamada de "Motoko Kusanagi," apenas de Major. É um baita band-aid pra esconder a falta de descendência japonesa, mas como eu disse no Vale a pena ler de novo, a Paramount pode fazer algo melhorzinho quanto a isso. Seguindo, o trailer revela que a Major já foi humana, mas uma casualidade desconhecida fez a sua vida ser salva ao torná-la num ciborgue. Em troca, ela se torna agente da Seção 9 - departamento de segurança pública do governo.

Infelizmente a mudança deixa a Major distante da sua humanidade, porém decidida a descobrir a sua identidade. A premissa desvia do anime de 1995 onde Kusanagi é retratada como 100% cibernética, mas calma! Não é um genérico sushi de Robocop. A história de origem da Major do filme vem de Ghost in The Shell: Stand Alone Complex, anime onde ela anteriormente foi humana.

Mas apesar da diferença, o tema acaba sendo em comum com Robocop (sobretudo o reboot). Só que ele é interessante: onde fica a alma e a identidade individual num mundo homogeneizado e cheio de computadores?

E Hollywood conhece esses heróis sem memória memória ou testados pelo governo. Jason Bourne e Wolverine, talvez?

5) O elenco internacional


Lá vamos nós. De novo. E de novo. Enfim. Em defesa de ter Scarlett Johansson como protagonista, o produtor Steven Paul declarou que a versão da história é "mais internacional," se comparado ao anime, aka japonês. "Não é focado nos japoneses; é suposto ser um mundo inteiro. É por isso que eu digo que a abordagem internacional é a abordagem certa para o filme."

E quão surpreendente foi ver que a declaração não foi desculpa furada? No trailer vemos atores de várias origens culturais:

Scarlett é americana;
Juliette Binoche, a Dra. Ouelet, é francesa;
Lasarus Ratuere, Ishikawa, o especialista em tecnologia da Seção 9, é australiano;
Chin Han, Togusa, o único empregado "natural" da Seção 9, é de Singapura;
Takeshi Kitano, Aramaki, o diretor chefe da Seção 9, é japonês;
Apesar de não estar no trailer, Rila Fukushima (Wolverine, Arrow) é japonesa, e vai aparecer no filme.

Vale o mea culpa de sacrificar a raiz japonesa pela internacional? Não posso dizer que concordo com a falta de mais elenco japonês, mas não posso dizer que não gostei do elenco diverso. Tem até personagens negros. Hollywood lembrou que as pessoas de cor existem! Fiquei chocada.

E antes que você diga ain Bruna, mas eles são brancos, pode ser de qualquer lugar do mundo. Ser moreno(a) torna você automaticamente latino(a)? Você não pode ser egípcio(a)? Árabe? Então ser branco não torna você automaticamente não-japonês.

Agora se todo esse elenco vai ser relevante de forma justa, só o tempo vai dizer. Mas desde já tem outro destaque: o dinamarquês Pilou Asbaek (Game of Thrones) que encarna Batou, o cara das lentes cibernéticas em cima dos olhos. O que é normal, pois no anime e mangá Batou é o braço-direito da Major, e segundo no comando.

Batou também é o personagem central de Ghost in The Shell 2: Innocence, onde ele investiga o desaparecimento da Major. No filme ele parece vir tão estiloso quanto, repetindo o papel de parceiro no qual a Motoko precisa aprender a confiar.

6) O cara nas sombras


Em cinco pontos eu mostrei como Ghost in The Shell pegou inspiração de todos os lugares da franquia, o que é muito bom. Esses links internos ajudam demais em favor da coerência e da sensação de ter lógica. Mas o final levantou a bola: quem é o cara nas sombras? Os fãs ligados já viram que não é o Mestre das Marionetes, vilão do primeiro filme.

Apesar de não mostrarem o rosto, o cara é Michael Pitt. "Tudo que eles te disseram foi uma mentira," diz o ator no melhor estilo mwuahaha. "Eles não salvaram a sua vida, eles roubaram ela." Então, quem é o personagem do Pitt? Simples: Hideo Kuze.

Hideo é outro elemento de Innocence: amigo de infância da Motoko que passou pela ciber-conversão, ele acaba muito infeliz com isso, pois acredita que o processo roubou sua humanidade. Isso o motiva a destruir todos com o tal cérebro cibernético, e ta-da! Com essa coisa do "buscar a humanidade de volta" da Major, faz sentido que o vilão do filme seja uma figura do passado. A notícia acaba como uma surpresa, pois o rumor dava conta de que Pitt seria o Homem Riso, vilão da série Stand Alone Complex.

Ou será que combinaram os dois?

Conclusão


O filme mostrou logo de cara uma série de pequenos, porém sólidos motivos para os fãs colocarem um pouco de fé que dessa vez nós quebramos a Maldição dos Filmes de Anime. O visual é promissor, não dá pra reclamar da ambientação (pelo menos agora), e se você ainda precisa de outra prova, tenho dois vídeos que impressionam. O primeiro foi filmado pela IGN no evento de imprensa de Ghost in The Shell, mostrando a cena da "confecção" da nossa Major e oh quem diria!

A cena vem direto da introdução do filme de 1995, que nós temos o review bem aqui.

Ah, e o vídeo? Solte o play e confira:

(E no segundo vídeo pule pra marca de 04:07mins)



Ghost in The Shell estreia em 30 de março de 2017, e queira Atena que o filme não coincida demais com a estreia de Logan, marcado para estrear no Brasil em 3 de março. O coração nerd agradece, mas a carteira mercenária vai chorar.

(E se eu tiver que escolher, todo mundo sabe que a Major tem preferência, né?)

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