Eae. A nossa série mensal de críticas em parceria com o Looke, continua. Tá em casa de bobeira? Vai lá, acessas o site da plataforma de streaming e assiste as nossas dicas. Em março tivemos o caótico e premiado Mad Max: Estrada da Fúria na crítica do Renan. Eu, diferentona como sempre, trago um filme provocador, ousado, que vai fazer você rir, mas muitas vezes é de desconforto: Ingrid Vai Para o Oeste.
O que é
Dirigido por Matt Spicer ('Dollface'), o filme conta a história de Ingrid Thornburn, uma stalker de redes sociais desequilibrada, e de histórico problemático. Após o primeiro episódio de stalkismo não ter tido bom resultado, Ingrid aprende a lição? Não. Ela fica obcecada por Taylor Sloane, uma garota popular no Instagram. Ela então decide se mudar para Los Angeles com um único objetivo: se tornar a melhor amiga de Taylor à qualquer custo.
Por que é ótimo?
Ingrid Vai Para o Oeste é ótimo porque faz você sentir coisas. Eu gosto de filmes pipocão, de assistir e deixar o cérebro no automático. Mas eu gosto mesmo é de filmes assim: que provoquem, deixando o sentimento real de desconforto. Importante: esse sentimento não é gratuito, entretanto. Ele vem com uma crítica sagaz e inteligente a como nossa felicidade está condicionada ao uso de tecnologia e ao estar presente nas redes sociais.
Spicer e David Branson Smith ('Vidas à Deriva') assinam o roteiro. Ele critica e faz pensar, mas sem a pretensão de ser politicamente correto. Pelo contrário. Causas e consequências aparecem de forma bem prática e aberta, sem rodeios. A decisão de perseguir Taylor faz Ingrid tomar uma série de decisões que causam um efeito dominó: ela afeta um, alcança o outro, que bate no outro e no fim, acaba voltando para ela mesma.
As situações do filme parecem descabidas? Sim e não. Tem o exagero típico de Hollywood, sim, mas a gente até que já viu coisa bem parecida na vida real. Então não é tão descabido assim. Afinal, todo dia tem alguém se achando dono da vida de alguém, só porque essa pessoa tem Instagram. Ou que só se sente feliz se publicar absolutamente tudo que faz no Twitter. Uma felicidade falsa, aliás.
Destaques
Não tem como não gritar aos quatro ventos a atuação maravilhosa da Aubrey Plaza, que já havia me conquistado como Lenny em Legion. Ela é fantástica, entra mesmo na personagem que faz um monte de coisa descabida, e pra ela tudo isso é normal - se garantir que ela consiga "ser a melhor amiga" da Taylor. Por ser atriz e comediante, a Aburey encontra um meio termo bacana. A Ingrid fica real sem ser ofensiva, e caricata para não deixar o filme tão pesado.
Eu não ia destacar a Elizabeth Olsen, mas achei injusto por um motivo: é maravilhoso ver os atores do MCU em papéis fora do mundo dos heróis. A garota sabe muito bem ser gostável, o que não é um sacrifício pra ela. A Taylor é a própria blogueirinha: sempre feliz, simpática, e postando cada passo dela no Instagram - facilitando em muito a vida da Ingrid.
Vale a pena assistir?
Demais. Ingrid Vai Para o Oeste é um filme divertido e crítico, que puxa sim o band-aid, mas com a educação necessária pra você não odiar ele. O longa tem atuações sólidas das duas protagonistas, e o restante do elenco cumpre bem o seu papel. Explorar o humor negro foi a melhor sacada, pois não teria como abordar todos esses temas fazendo uma comédia do Adam Sandler.
A fama é boa (?), mas a que preço?
Estar na internet te faz realmente feliz?
As redes sociais aproximaram as pessoas, mas do jeito certo?
Os influenciadores ganharam muito poder, e eu tenho medo disso. Eles são pessoas como eu e você, então o que torna eles melhores do que nós? A posse de uma câmera? Isso até eu tenho. Opiniões? Eu tenho um monte, e nem por causa disso elas são boas. As redes sociais são ótimas, mas criaram um exército de pessoas que não sabem falar, para outro exército de pessoas que não sabe ouvir.
Importante: a parte final de Ingrid Vai Para o Oeste aborda um tema sério e que não é brincadeira. A última cena cria um sentimento de ahhh e deixa a pergunta: foi um sorriso honesto, ou não? Porque mesmo no instante final, o filme não deixa de te provocar.
Veredito: ★★★★★
Roteiro: Matt Spicer e David Branson Smith
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Duração: 1h 38mins
Direção: Matt SpicerRoteiro: Matt Spicer e David Branson Smith
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2 Comentários
Achei esse filme extremamente perigoso, pois torna assuntos sérios banais. Por exemplo, é como se tudo que ela fez tivesse valido a pena para ficar famosa. Sei que é para provocar e nos fazer pensar que isso tudo é mt errado, porém acredito que existem pessoas sensíveis que não conseguem ver isso.
ResponderExcluirOi, anônimo! Obrigada pelo comentário :)
ExcluirEu entendo seu ponto, e compartilho dele. O final inclusive deixa um ar assim. Mas quem não se sentir confortável com a premissa, é só não assistir. Ninguém é obrigado a nada :) O filme não é PG 13 por acaso.
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