Crítica: Cadê Você, Bernadette? (2019)


Após um mundo de fatos aleatórios em janeiro, hora de continuar a série de críticas em parceria com o Looke. Todos os meses, nós iremos trazer duas análises de algum título disponível na plataforma, e no mês das férias começamos com Era uma Vez em Hollywood. Hoje, é dia de falar sobre Cadê Você, Bernadette?, uma tocante e divertida história estrelada pela Cate Blanchett.

Sobre o filme


Lançado em 2019, Cadê Você, Bernadette? conta a história de uma adorável mãe que após anos de sacrifício pela própria família, toma uma decisão radical. Essa decisão a leva numa épica jornada para se reconectar com a paixão criativa, e irá mudar não só a sua vida, como a de sua família.

Além de Cate Blanchett, o elenco principal traz Billy Crudup (Watchmen), Kristen Wiig (Mulher Maravilha 1984), Emma Nelson. O diretor é Richard Linklater, que já dirigiu filmes como Escola de Rock (2003) e Boyhood: Da Infância à Juventude (2014). Quem assina o roteiro é Holly Gent e Vincent Palmo Jr., em parceria com Linklater, adaptando o bestseller escrito por Maria Simple.



O dilema de todo criador

Por que tão elegante, Cate Blanchett? *suspira*

O filme foge da narrativa começo-meio-fim, apresentando um recorte da vida da protagonista e sua família - o marido Elgie, e a filha Bee. Os três estão em novo endereço, vida nova, mas algo não mudou: a dificuldade de Bernadette se relacionar com as pessoas. Os dois já entendem isso, mas o mundo externo, não. E é um dilema que rende momentos divertidos, e tensões que fazem a gente refletir, ainda mais as pessoas criativas.

Um dia, Bernadette Fox era o nome quente da arquitetura dos EUA. No outro, sumiu do radar. O que houve? O filme explica, mas é spoiler, então não posso contar. A situação, entretanto, muda a forma dela encarar a vida, e abre o debate: como o criativo precisa equilibrar a exposição ao mundo externo (inevitável), com o mundo na sua cabeça (necessário).

Criando um conflito

O arco da Audrey no filme é previsível? Talvez. Em defesa, ele é bem interessante

Audrey Griffin (Kristen Wiig), cria alguns dos principais momentos de tensão e risos do filme. Ela é a "mãe da rua", interage com as outras mães, reúne as crianças da escola e gosta da popularidade. Por isso Audrey não entende por que Bernadette é do jeito que é, e reage de forma relativamente hostil a isso. Você chega a se irritar com ela, mas o filme dá um jeito de reverter essa potencial raiva em algo positivo.

Somando isso com um problema grande, de verdade, Bernadette acaba não aguentando. A viagem que ela, o marido e a filha tinham programado para Antártica acaba se transformando numa jornada épica, em vários sentidos. Geograficamente, leva a família para fora dos EUA. Emocionalmente, é o que acerta os ponteiros emocionais em vários aspectos. 

Destaque para o laço entre Bee e Bernadette, que se reforçou devido uma situação séria, e ajuda a dar o ritmo do filme nesse momento.

A conclusão "em andamento"

Às vezes você precisa ir até o fim do mundo para começar a se encontrar

Causa uma sensação de eh quando o filme termina de forma aberta - um recurso complicado de se usar. Em Cadê Você, Bernadette?, entretanto, é uma consequência normal da história. Apesar disso, é uma conclusão muito bonita, principalmente pela forma na qual a Bee acredita e confia na mãe. Me fez pensar que mesmo a minha mãe não sendo, perfeita, ela é humana, igual a Bernadette. E que no fim do dia eu realmente me desdobraria para ajudar ela igual a Bee.

Veredito

Família perfeita nos seus defeitos

Cadê Você, Bernadette? se equilibra bem entre o humor e o drama. O filme não é choroso ao ponto de ser pesado, e não é palhaço ao ponto de minimizar os temas que aborda. A performance do elenco é redondinha, e Emma Nelson se destaca muito, em sua estreia na grande tela.

Falar sobre a Cate Blanchett é complicado, quando é uma atriz que você gosta tanto, mas vamos lá. O jeito e a personalidade da atriz combinam perfeitamente com a Bernadette Fox. As duas são pura elegância e humor excêntrico. Tanto que rendeu a indicação ao Globo de Ouro de melhor atriz de musical ou comédia.

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