Eu quase tirei folga nesse 22 de novembro, aniversário da Scarlett Johansson, afinal todo mundo sabe que ela é uma das minhas atrizes favoritas. Entretanto, vamos conversar sobre um filme? Pois eu aproveitei a deixa e assisti Sob a Pele, que já vinha no meu radar há eras. E digo sem medo que eu nunca assisti nada tão esquisito e instigante, e ao mesmo tempo que irritante, nessa vida de meu Deus.
O que é
Lançado em 2013, Sob a Pele foi um fracasso de bilheteria, mas um sucesso considerável de crítica. Por quê? Porque o cinema dos últimos 10 anos não faz sentido. A premissa é simples e confusa: mostrar a vida na Terra, pela perspectiva de uma alienígena predadora de homens. É isso. A maioria dos personagens foi interpretada por não-atores, e muitas cenas foram filmadas com câmeras escondidas.
Quem produziu
A direção de Sob a Pele é curiosa de tão aleatória: do britânico Jonathhan Glazer, diretor dos clipes "Virtual Insanity" do Jamiroquai, e "Karma Police", do Radiohead. Ele dirigiu ainda os filmes Sexy Beast (2000) e Reencarnação (2004), com a Nicole Kidman.
O roteiro foi escrito por Glazer e Walter Campbell, um dos criativos mais premiados da publicidade nos últimos 50 anos. Se você conhece os comerciais "Twister" (Volvo), "Expect the Unexpected" (Dunlop) e "Surfer" (Guiness), ele trabalhou nos três - e tantos outros. Se nunca ouviu falar, depois de ler o nosso review, clique nos links e confira.
O filme é bom?
"Bom" ou "ruim" são termos put* relativos pra descrever Sob a Pele. Mais do que um filme, trata-se de uma experiência cujo resultado vai depender muito de quem assiste. Se você não abrir o coração logo de cara, vai desistir na primeira meia hora. E mesmo sem desistir, vai ter momentos os quais você vai pensar "mas que porr* eu tô assistindo?" Palavras de uma Tiete Profissional™.
Os cenários
Por se passar na Escócia, Sob a Pele faz uma quebra visual muito bem-vinda. Não temos as grandes cidades, pontes, carros e pessoas aos milhões de Hollywood. A paleta de cores do filme é fria, e os cenários são dominados por paisagens isoladas, estradas pouco movimentadas, uma cidade que é movimentada, não frenética. As casas são de design europeu, claro.
A trilha sonora
Mica Levi compôs a trilha sonora, que teve produção de Peter Raeburn. A ideia foi bem conceitual e deu certo: traduzir, por meio de sons, os sentimentos da protagonista ao experimentar coisas pela primeira vez. Mais para o fim do filme a música diminui, jogando o foco para os sons do mundo que a personagem experimenta.
Tem horas que a trilha sonora até dá uma perturbada, o que me deu um clique engraçado: isso tá com cara de Kubrick, hein. Depois vi muita gente chamando o diretor de "herdeiro do Kubrick". Ha. Foi engraçado, pois pois eu assisti 2001: Uma Odisseia no Espaço uma vez na vida, e eu detestei.
O roteiro
O roteiro de Sob a Pele provoca reações bastante opostas ao mesmo tempo: ele é confuso e irritante, raso, mas instigante. O que é incrível, pois o filme tem poucos diálogos. E os que existem vão dos práticos tipo "como eu chego na rua tal", aos bem desconexos.
O ponto forte
Eu comecei a assistir Sob a Pele com a vaga noção de que havia nudez no filme, eu só não sabia o quanto ou o contexto. O primeiro nu frontal aparece logo, e sim, é dela. A minha reação foi hilária, eu comecei a rir na hora. Quando o filme mostra o primeiro nu frontal masculino, eu fiquei bem "õ_o", pois não é todo dia que um filme é tão aberto em mostrar o corpo humano. Hoje em dia tá tudo higienizado demais.
E ainda tem a outra cena. A minha reação foi fantástica de engraçada, eu realmente não esperava por isso. Pensa comigo: uma das atrizes mais hipersexualizadas de Hollywood, cujo corpo é alvo de críticas até hoje. Ai ela aparece totalmente nua. O choque quase levou da Terra-1 a Pessoa que Vos Fala™, mas depois eu pensei: que cena fod*. Haja coragem.
Nenhuma contato físico ou nu mostrado no filme tem teor realmente sexual. E quando parece que vai ter, a coisa vira. Num mundo onde o corpo e o sexo (ou a falta de interesse nele) ainda são tabus gigantescos, foi incrível como Sob a Pele abordou esse elemento. Quero escrever mais sobre isso no futuro próximo.
O veredito real
Sob a Pele combina a pegada artística/existencial de 2001, com um jeito de mostrar imagens que me lembrou Legion, a série do FX. No caso, um jeito menos fictício, e mais parecido em como ambos são bizarros mesmo. O filme é lento, irritante, mas o mais eu penso nele, o mais eu gosto de um jeito esquisito. Não sei se eu assistiria de novo, ou sim? Sob a Pele é divisivo na sua melhor definição.
Na escola Hollywood a gente aprendeu a sempre ter uma resposta no final, ao roteiro que responde as coisas. Sob a Pele não vai te dar respostas, e vai deixar muito espaço pra especulação. Eu nem sei se chamo ele de filme, mas sim de uma grande peça publicitária sobre o que é ser humano, o que é viver e estar vivo. Publicitário adora ser subjetivo. Eu sei, eu sou dessa corja.
Mesmo com poucos diálogos, a Scarlett traduz muito bem o momento onde a alien está focada no que faz, e quando ela começa a "quebrar" - ter traços de emoção e querer experiências humanas. Só que ela não é humana, então o resultado é obviamente estranho. Mas sabe que te faz pensar? No fim do dia, todo mundo é meio alien.
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