Há 3 anos, o Brasil ocupa o primeiro lugar de um ranking mundial, que não foi comemorado. Ser o país que mais mata ativistas no mundo – só em 2017, foram 57 mortos, 80% deles de defensores da natureza – definitivamente não é motivo de orgulho.
Quando ativistas ambientais viram estatística, o que grita é a invisibilidade, a falta de valorização e reconhecimento de uma pessoa que sai de casa todos os dias com a incerteza latente de que vai voltar. E por um propósito de vida que deveria ser exaltado: lutar contra o desmatamento, a extração ilegal de minérios, a contaminação de rios, a invasão de terras indígenas e tantas outras práticas criminosas que assolam o meio ambiente.
Ao invés de exterminar, por que não protegemos e nos unimos a quem trabalha pela continuidade da vida no planeta?
A pergunta quem faz é ‘Aruanas’, série original Globoplay, produzida pela Globo e pela Maria Farinha Filmes. Escrito por Estela Renner e Marcos Nisti, o thriller ambiental tem um propósito claro: alertar para a crise ambiental mundial e valorizar e proteger o trabalho de ativistas. Com direção artística de Carlos Manga Jr e direção geral de Estela Renner, ‘Aruanas’ vai além do suspense e da ação ao ressaltar o debate sobre a preservação da biodiversidade e, consequentemente, da vida. A série em 10 episódios, cujo roteiro foi escrito com Pedro de Barros, tem ainda parceria técnica do Greenpeace e o apoio de cerca de 28 ONGs de atuação internacional e será lançada simultaneamente no Brasil e no exterior. No Globoplay, 'Aruanas' estreia no dia 2 de julho e inspira o ‘REP - repercutindo histórias’, uma plataforma da Globo dedicada a espalhar depoimentos inspiradores sobre temas socialmente relevantes nas redes sociais. Os vídeos de 6 ativistas da vida real também estarão disponíveis a partir do dia 2.
Nessa história, três guardiãs e sentinelas da natureza como Aruana, o nome de origem indígena da ONG que fundaram juntas, só querem defender o meio ambiente. No time majoritariamente feminino, também há espaço para a estagiária, com olhos leigos e disposição para aprender a lutar por seus ideais; e para os dramas pessoais de cada uma delas, como relacionamento abusivo, adultério, traição de amizade e briga judicial por guarda de filho.
A trama se passa na fictícia Cari, cidade do interior do Amazonas, de realidade dura e onde fatos estranhos acontecem: um pedido de socorro em tom de denúncia anônima, pessoas adoecendo de forma misteriosa, assassinatos e ameaças aos povos indígenas. As ativistas, cada uma em sua trilha investigativa, criam um mosaico de evidências que leva a um grande esquema de crimes ambientais envolvendo garimpos ilegais e uma renomada mineradora nacional.
As Aruanas
Uma ação ativista, para obter sucesso, precisa estar pautada em três pilares: análise técnica e de riscos aliada a processos jurídicos; clara comunicação interna entre militantes e externa para que a informação chegue à sociedade; e alinhamento e organização da ação propriamente dita, com estratégia e cálculo de movimentos para a batalha. Sem conhecimento prévio algum dessas informações, sem saber que estavam verdadeiramente militando pela primeira vez, as amigas de infância Natalie (Débora Falabella), Luiza (Leandra Leal) e Verônica (Taís Araujo) lutam, aos 13 anos, pela preservação de uma praça da cidade de São Paulo. Depois de muitos dias embaixo de chuva e sol, as jovens recebem a notícia de que venceram a briga. A partir de então, elas têm certeza que a luta pelo meio ambiente está só começando
Os anos se passam e a veia ativista se fortalece dentro de cada uma dessas mulheres. Elas crescem feitas do mesmo material, o alheio lhes concerne. São inquietas, passionais, feridas. Viraram guerreiras
Luiza (Leandra Leal) é intempestiva e arisca, a típica ativista que está na linha de frente, usando corpo e impulsividade como seus maiores aliados. Ela representa a ação propriamente dita no ativismo, ainda que suas atitudes muitas vezes a coloquem em risco, aproximando-a da mais dura realidade destes defensores no Brasil: a morte. Além da militância, Luiza se aventura pelos desafios da maternidade. Mãe de Yan (Pedro Guilherme), fruto de uma antiga relação com Gilberto (Samuel Assis), sua presença na educação e na rotina da criança estão sempre em questão. Uma disputa judicial pela guarda do menino a deixará sem saber se seguir na briga pelo meio ambiente ou não.
Já Natalie (Débora Falabella) traz todo o poder da comunicação para dentro da ONG. Jornalista e renomada apresentadora da TV Núcleo, por diversas vezes une a profissão com a causa como forma de alertar o público sobre os perigos corridos pelo meio ambiente. É comum vê-la bater de frente com o chefe Sheik (Bruno Padilha) por conta das denúncias feitas em seu programa e os interesses comerciais da emissora. Conhecida do público nacional, é por ela que chegam as acusações anônimas, pelas quais, geralmente, as ativistas iniciam suas investigações. Muito intensa, a jornalista carrega consigo o drama de perder um filho em uma gestação avançada. Toda a garra que aplica na profissão, tanto na TV quanto na ONG, não é capaz de usar dentro de casa, onde vive um relacionamento fracassado com Amir (Rômulo Braga).
Transitando entre Brasília, São Paulo e Amazonas, Verônica (Taís Araujo) pratica o chamado advocacy: ela advoga por um propósito social e não para um interesse de mercado. A mais racional das três ativistas é extremamente planejada, estratégica e séria. Por muitas vezes, perde a cabeça com Luiza, principalmente por agir por conta própria, arriscando não somente a própria vida, como também a causa da ONG. Mulher de origem humilde, Verônica batalhou muito para ter o reconhecimento no meio jurídico e, por conta do profissionalismo, conta com diversos contatos no Planalto Central para questões ambientais. Tamanha seriedade e controle não são aplicados na vida pessoal, já que vive um romance proibido com Amir (Rômulo Braga), marido da melhor amiga Natalie (Débora Falabella). Como um espelho reverso do que se vê em ações ativistas, Verônica não consegue se afastar do amante, cedendo aos encantos do amor, e lida com essa mentira que a corrói por dentro, cheia de remorso e ambiguidade.
E ainda há Clara (Thainá Duarte), uma jovem cheia de sonhos, que chega à Aruana sem ter ideia por onde começar e sobre como funciona a rotina de uma instituição ativista. Depois de fugir da sua cidade natal, no interior de São Paulo, onde vivia um relacionamento abusivo com Ramiro (Rafael Primot), ela é acolhida na ONG por André (Vitor Thiré) e Natalie, e desafiada a correr atrás se quiser participar das principais ações. São os olhos de Clara que revelam como aprender e entender o processo de funcionamento de uma ONG e como são pensadas as ações dos defensores do meio ambiente. Estagiária, durante sua jornada ela sai de um lugar de submissão feminina e desenvolve uma força que sempre teve, mas antes não podia mostrar.
Também fazem parte da Aruana os ativistas André (Vitor Thiré), responsável pela comunicação e relações públicas da ONG, e que acompanha as amigas nas ações; Falcão (Bruno Goya), o diretor de logística que cuida do planejamento das ações para dar suporte às militantes; e PontoCom (Ravel Andrade), o braço tecnológico da instituição, que tem papel essencial para desvendar todas as informações online e off-line.
Durante a investigação na Amazônia, as ativistas ganham o apoio de Gregory (Gustavo Vaz), antropólogo que estuda as questões indígenas e entra nessa investigação de cabeça ao conhecer Natalie, com quem também tem um caso romântico.
O início de uma ação ativista: a denúncia
O trabalho de um ativista geralmente começa a partir de uma denúncia, na maioria das vezes, anônima. Foi dessa maneira que as Aruanas tiveram acesso ao caso de Cari. A ligação de um desconhecido, sem muitos detalhes, foi o suficiente para causar a inquietude de Luiza, Verônica e Natalie. O preço pelas informações e segurança do delator é de R$ 100 mil e quem deve intermediar a negociação é Otávio (Sérgio Pardal), jornalista local. Luiza é quem se desloca até a cidade do interior do Amazonas para encontrar o profissional, que promete entregar um dossiê digital, mas já adianta: o material acusa a mineradora KM de envolvimento em crimes ambientais na região, na iminência de um colapso.
Por trás da KM, está um homem sedento por poder e dinheiro, um exemplo de como a ganância enxerga o meio ambiente e qualquer outro “obstáculo” que apareça pela frente. Miguel Kiriakos (Luiz Carlos Vasconcelos) herdou a afeição pelos garimpos do pai, morto soterrado em um acidente no descampado. Ambicioso, sagaz e egóico, cresceu nesse ambiente e soube se tornar referência em mineração com a sua KM. Miguel tem planos ambiciosos. Acostumado a lidar na ilegalidade e se mascarar por trás da reconhecida e respeitada empresa, ele lidera diversos garimpos ilegais no local. Mas quer mais. Quer ocupar toda a Reserva de Cari, capaz de garantir a riqueza que deseja. Para isso, contrata Olga (Camila Pitanga), reconhecida lobista em Brasília, especializada em interesses de empresas que pouco ligam para o meio ambiente. Com ela, abre o caminho no poder público para facilitar o decreto de extinção da reserva, o que permitiria devastar terras indígenas e florestas tropicais de maneira legal.
Com o know how do assunto e diversas influências políticas, Olga (Camila Pitanga) está acostumada a conquistar seus objetivos, excelente na arte do “custe o que custar”. Apesar de não precisar de dinheiro, ela tem gana de poder. Gosta do jogo e por isso não mede esforços, agindo sempre de maneira egoísta e ameaçadora. Absolutamente sedutora, desenvolve uma relação para além de profissional com Miguel, nada mais é do que uma simples diversão sexual para aliviar as tensões do trabalho. Independente, com estilo moderno, Olga gosta mesmo é de ter prazer, seja lá como for, em todos os aspectos da vida.
A única coisa capaz de amolecer Miguel é sua família. Toda a vilania do empresário é tomada pelo amor que sente pela neta Gabi (Manuela Trigo), fruto de sua já falecida filha e por quem nutre um carinho e cuidado sem tamanho. A criança tem paralisia cerebral e o avô é capaz de qualquer coisa em busca de tratamentos que possam lhe garantir mais qualidade de vida.
A maneira como conduz os negócios e a vida pessoal faz com que Miguel confie em poucas pessoas. Felipe (Gustavo Falcão) é um deles, seu braço direito na KM, diretor de Relações Institucionais da empresa e padrinho de Gabi. A relação dos dois só entra em risco quando Felipe, cansado e indignado com as atitudes de Miguel, cria um dossiê sobre a KM e decide fazer uma denúncia... a tal denúncia anônima.
Ameaças não fazem parar
A tensão já domina a investigação das Aruanas quando o novo encontro entre Luiza e Otávio para a entrega do pen drive com o dossiê não acontece. Na surdina, Nelson (Flávio Rocha), capataz de Miguel, passa as informações ao chefe, que é objetivo: tirá-los de seu caminho de qualquer maneira. Otávio é encontrado morto no carro de Luiza, que é presa como principal suspeita e libertada do cárcere, em seguida, com ajuda de Verônica.
As ativistas têm receio dos próximos passos. Pouco agiram e já lidam com a morte. Ainda que não entre elas, a equipe de Miguel age rápido e logo dá o recado de perigo em uma ameaça ao filho de Luiza, o pequeno Yan (Pedro Guilherme), por meio de um bilhete intimidador no parque. A intenção é que elas parem, mas não há ganância que supere os ideais de defensores ambientais. Mesmo porque, antes de partirem para São Paulo, Padre Adelino (Luti Angeleli), pároco de Cari e partidário da ONG, deixa no ar uma suspeita: antes de ser assassinado, Otávio fazia visitas frequentes a Seu Antônio (Paulo Goya), ex-funcionário da KM, internado no hospital com graves doenças.
De volta à Cari, as Aruanas convencem seu Antônio a conceder uma entrevista para Natalie, como forma de depoimento para a investigação. Muito debilitado, ele indica que, caso ninguém faça nada, muitas pessoas irão do leito à morte. Outros internos vindos da população ribeirinha apresentam os mesmos sintomas, como cegueira e tremedeira. Só que uma ameaça repentina é o suficiente para que ele desista de seguir contando o que sabe. E para que as ativistas pisem no freio, preocupadas com a segurança de suas fontes.
Em paralelo, Verônica, na companhia do promotor da cidade, Rubens (Marcos Andrade), age para descobrir os verdadeiros assassinos de Otávio. Comprada pela KM, a polícia local prende Mosquito (Ítalo Ruy), que já tem passagens pela delegacia como bode expiatório. Inteligente e perspicaz, a advogada sabe que o rapaz não é o culpado e consegue tirar isso dele. Já instalada na cidade, a equipe Aruana promove uma ação na frente da delegacia em que a população local, mascarada de bode, questiona o cárcere de Mosquito e quem está por trás desse crime.
A força da ação
A guerra está declarada. As Aruanas sabem que a KM está envolvida com os crimes ambientais da cidade e Miguel percebe que a ONG está agindo contra seus interesses. As investigações seguem e o foco é fazer com que o delator não desista.
Verônica segue atrás de pistas sobre a fuga de Mosquito, a morte de Otávio e o que está por trás disso tudo. Natalie conversa com um geólogo em seu programa e levanta o debate sobre conflitos entre indígenas e grileiros e posse de terras, alertando à população sobre os riscos de viver perto de mineradoras. Luiza e Clara avançam no contato com pessoas doentes na cidade, com os mesmos sintomas, e, já desconfiando da contaminação da água, invadem a KM para fazer uma coleta no rio dentro do espaço da mineradora. A busca por mais provas só não é desastrosa, pois, depois de pegas pelos seguranças, conseguem fugir do local. Os resultados, no entanto, ainda não são suficientes: a água está contaminada, mas não pela KM.
Acuado com as acusações, Miguel muda de estratégia. Em evento beneficente, é apresentado pessoalmente a Natalie e a convida para conhecer a KM e ver, com os próprios olhos, o trabalho sustentável que a empresa realiza. Felipe é quem faz a visita com a ativista, rebatendo as acusações da jornalista com informações positivas sobre a mineradora. Em determinado momento, Miguel toma a frente e experimenta da própria água para provar que a empresa nada tem a ver com a contaminação. Quase convencida, uma mensagem repentina e anônima sobre o decreto de extinção da Reserva de Cari levanta novamente a inquietude de Natalie. Porém, sem provas concretas, ela não consegue emplacar o furo na TV.
As ativistas querem evitar o decreto - ele significa uma verdadeira catástrofe em terras amazonenses. Verônica viaja a Brasília para pedir a suspensão do documento, nem que seja provisória. Ao chegar na capital nacional, se depara com ilegalidades, injustiças e um mundo de moedas de troca, onde só se conquista o que se deseja com chantagens e jogos sujos.
E é assim que mais um grupo ameaçado entra em jogo. Ao viajar para Cari com uma equipe de TV para gravar imagens da floresta da reserva, as ativistas se deparam com um mundo de lama e incontáveis garimpos abandonados. Ao montarem acampamento, o piloto do bimotor que as levou até ali descobre Gregory (Gustavo Vaz) escondido no local. Antropólogo e representante da ONG Biodiversidade Internacional, ele está na região há seis meses e garante que, para cada garimpo visto pelas defensoras, uma dúzia de índios foram mortos ao lado. A relação entre os crimes ambientais com o genocídio indígena é óbvia.
Próxima parada: filmar as aldeias na companhia de Gregory, ainda que as cenas sejam de terror. Corpos de adultos e crianças indígenas estão espalhados, ensanguentados, vítimas de um recente ataque motivado pelo controle das terras. Os ativistas ajudam os sobreviventes, entre eles o casal Payall (Kay Sara), grávida a ponto de parir, e Raoni (Abraão Mazuruna). No caminho, voltam a ser atacados e Payall entra em trabalho de parto. A mando de Miguel, que sabe que as militantes estão agindo no local, garimpeiros ameaçam suas vidas com tiros, e o empresário, estrategicamente, surge em um helicóptero como o herói salvador.
Enquanto isso, na cidade de Cari, Falcão, André, PontoCom e Clara planejam uma nova ação. Clara será o pivô, em caso de prisão, por ser a única reincidente entre eles – na militância, os organizadores estão sempre preparados para as consequências, sendo o cárcere a mais comum delas. No meio da praça da cidade, o grupo exibe fotos da parte intacta da reserva de Cari e distribuem panfletos sobre a possível extinção para mostrar como ficará o local depois da devastação. Moradores da região, que trabalham na KM, se revoltam e atacam André e Falcão, alheios a tudo. A grande desordem chama a atenção da polícia, que chega ao local. Enquanto Clara se entrega como culpada, Falcão sofre uma facada e é levado ao hospital. Estão, assim, fincados em Cari os principais pilares da ONG: a ação na justiça, a comunicação à sociedade em forma de denúncia e o risco na busca de provas e manifestações públicas.
Ao ser liberada da prisão, Clara lida com seu maior pesadelo: o responsável por sua soltura é Ramiro (Rafael Primot), seu ex-namorado abusivo, de quem fugiu ao chegar na ONG. Mas não é só Clara que lida com suas sombras. Entre São Paulo e Brasília, atrás dos trâmites contra a extinção da Reserva, Verônica se esforça para manter-se distante de Amir (Rômulo Braga), marido de Natalie, que insiste em uma relação secreta. Natalie, por outro lado, não quer enxergar que o relacionamento acabou e, mais uma vez, coloca o ativismo e a profissão na frente do seu casamento – a conversa com Amir fica sempre para outro momento; sua prioridade agora é o caso de Cari.
Já Luiza, nesse momento, se questiona se segue na batalha pela guarda de Yan, uma vez que não consegue priorizar a maternidade. Ela chega a perder a audiência na Justiça que definiria o futuro do filho por marcar, na mesma data, uma visita ao Mercado Clandestino de Cari para descobrir de onde vêm o ouro e os demais minérios da cidade. Sempre na linha de frente, em determinado momento Luiza conhece o vendedor de minério Ícaro (Daniel Ribeiro) e o Garimpo Agulhas, uma das posses ilegais de Miguel. No local, a ativista descobre que as terras invadidas e desmatadas são propriedades do dono da KM.
O desafio agora é juntar as peças desse quebra-cabeça, mesmo sob as constantes e veladas ameaças de Miguel e Olga. Há provas, evidências e fontes seguras, mas ainda faltam informações para fechar essa conta. Se Miguel é dono de todos os garimpos locais, por que então protege o decreto presidencial de extinção da Reserva de Cari?
É um trabalho, que não deveria ser uma luta
O trabalho de Verônica, Luiza, Natalie e Clara não começa dentro da ONG nem nas ruas. Começa em casa, quando a paixão pela causa faz com que questões pessoais, medos e dilemas psicológicos fiquem em segundo plano. De forma consciente, a entrega é total. A militância dessas mulheres salva a vida de todos, ainda que nem todos peçam, saibam ou entendam a relevância dessa salvação. Salva tanto quem não se importa quanto quem age contra o meio ambiente.
O trabalho de Verônica, Luiza, Natalie e Clara não é diferente do trabalho de tantas outras pessoas. Assim como não foi do trabalho de Irmã Dorothy Stang, Terezinha Rios Pedrosa, Manoel Índio Arruda, Chico Mendes, Edmilson Pereira dos Santos e tantos outros ativistas ambientais mortos, de verdade, em militância.
O trabalho de Verônica, Luiza, Natalie e Clara não deveria ser encarado como uma luta, e sim como um movimento com valor para o bem coletivo. O trabalho de quem se arrisca diariamente pela biodiversidade do Brasil e do mundo e pela longevidade humana precisa ser mais conhecido, mais reconhecido. Precisa de valorização, de apoio, de segurança e proteção. Precisa de luz, não apenas por trás das câmeras do entretenimento.
Entrevistas com Estela Renner, Marcos Nisti e Carlos Manga Jr.
Marcos Nisti e Estela Renner vivem o ativismo há muitos anos. Dessa experiência, criaram a Maria Farinha Filmes, primeira produtora da América Latina a receber o título de Sistema B pelas práticas transparentes e cuidados com as pessoas, a sociedade e a natureza. ‘Aruanas’ é a estreia da produtora e de ambos, como autores, no entretenimento de ficção. Ao lado da dupla, o diretor artístico Carlos Manga Jr, exalta, com uma câmera voyeur e participativa, uma Amazônia dura e distante da exuberância da qual se tem ideia, aqui e lá fora.
Marcos Nisti – criador, autor e coprodutor
Empreendedor social e produtor de cinema e TV, Marcos Nisti é CEO do Instituto Alana, organização socioambiental de promoção do direito e do desenvolvimento integral da criança, e cofundador da Maria Farinha Filmes. Ocupou o conselho do Greenpeace de 2012 a 2018 e, atualmente, faz parte dos conselhos do GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas) e do Atletas pelo Brasil. Foi um dos criadores da marca Projeto Terra, pioneira no conceito de fair trade no Brasil.
Como surgiu a ideia de escrever ‘Aruanas’?
Da nossa experiência pessoal e profissional. Do que vivemos em nosso cotidiano, do que nos dispusemos a fazer em nossas profissões, do trabalho social que desenvolvemos. E muito da vontade de ampliar a discussão em torno de um assunto tão pouco explorado, que é o ativismo e o trabalho das organizações sem fins lucrativos. Assistimos tanto a obras sobre advogados, médicos, policiais. Por que não uma série sobre ONGs? Estava tudo ali exposto no nosso dia a dia, pois a Maria Farinha Filmes já nasceu com um propósito social, de realizar trabalhos relacionados à atuação de uma ONG e a temas importantes de serem refletidos pela sociedade. Quando de fato começamos a desenvolver o projeto, quanto mais ampliávamos as pesquisas, mais certeza tínhamos da necessidade dessa reflexão. Como eu fazia parte do conselho do Greenpeace, tivemos o apoio deles desde o início para contato com ativistas, materiais, ações. Eles se tornaram parceiros técnicos da série, até levaram o elenco para uma preparação de ação ativista não violenta.
Por que levar o projeto para Globo e Maria Farinha Filmes?
Sempre pensamos na Globo para sugerir essa ideia. Era nosso sonho. Já temos uma parceria com a empresa há alguns anos, com o quadro ‘Jovens Inventores’, do ‘Caldeirão do Huck’. A série tem o perfil da Globo e se encaixa perfeitamente em seu compromisso com o meio ambiente, dentro e fora das telas. A Globo tem um posicionamento muito forte e claro em relação à causa ambiental. Unir os propósitos da Maria Farinha Filmes e da Globo e levá-los ao Brasil inteiro é uma maneira incrível de democratizar e expandir o tema, de alcançar um espectador que não está acostumado com esse debate e ir além do nicho de instituições e sustentabilidade.
Da nossa experiência pessoal e profissional. Do que vivemos em nosso cotidiano, do que nos dispusemos a fazer em nossas profissões, do trabalho social que desenvolvemos. E muito da vontade de ampliar a discussão em torno de um assunto tão pouco explorado, que é o ativismo e o trabalho das organizações sem fins lucrativos. Assistimos tanto a obras sobre advogados, médicos, policiais. Por que não uma série sobre ONGs? Estava tudo ali exposto no nosso dia a dia, pois a Maria Farinha Filmes já nasceu com um propósito social, de realizar trabalhos relacionados à atuação de uma ONG e a temas importantes de serem refletidos pela sociedade. Quando de fato começamos a desenvolver o projeto, quanto mais ampliávamos as pesquisas, mais certeza tínhamos da necessidade dessa reflexão. Como eu fazia parte do conselho do Greenpeace, tivemos o apoio deles desde o início para contato com ativistas, materiais, ações. Eles se tornaram parceiros técnicos da série, até levaram o elenco para uma preparação de ação ativista não violenta.
Por que levar o projeto para Globo e Maria Farinha Filmes?
Sempre pensamos na Globo para sugerir essa ideia. Era nosso sonho. Já temos uma parceria com a empresa há alguns anos, com o quadro ‘Jovens Inventores’, do ‘Caldeirão do Huck’. A série tem o perfil da Globo e se encaixa perfeitamente em seu compromisso com o meio ambiente, dentro e fora das telas. A Globo tem um posicionamento muito forte e claro em relação à causa ambiental. Unir os propósitos da Maria Farinha Filmes e da Globo e levá-los ao Brasil inteiro é uma maneira incrível de democratizar e expandir o tema, de alcançar um espectador que não está acostumado com esse debate e ir além do nicho de instituições e sustentabilidade.
Por que escolher a Amazônia como pano de fundo para essa história?
A ideia inicial sempre foi trazer o universo das ONGs ambientais, dos defensores do meio ambiente. Nada mais representativo do que a Amazônia, que reverbera no mundo todo, tem a maior concentração de biodiversidade e sofre com a ganância humana. A série é um estímulo para que as pessoas passem a ver a Amazônia com outros olhos.
Quem são Luiza, Natalie, Verônica e Clara?
São mulheres fictícias, construídas em cima de pesquisas com diversos ativistas, mas fantásticas como toda mulher real. A Verônica é a advogada, que trabalha com métodos, planejamentos - uma pessoa absolutamente organizada. Essa maneira sistemática de viver é derrubada por seu drama amoroso com Amir, marido de Natalie. Ele representa tudo de errado que ela não faz em sua rotina profissional, quase um espelho dessa perfeição cotidiana que ela exige ser. Já a Luiza é o oposto da advogada. É intensa, impulsiva e, por vezes, muito inconsequente. Seu drama pessoal é igual ao de diversas mulheres no mundo: conciliar o trabalho com os cuidados do filho. Como harmonizar essa agenda, sendo ativista? Ela está no momento de repensar a guarda do filho. Natalie é uma jornalista brilhante, referência, centrada, mas perdeu uma gestação avançada, de oito meses, e vive esse luto. O casamento com Amir fica em terceiro plano em sua vida e, quando percebe, o matrimônio já não existe, mas sim o caso do marido com a melhor amiga. É Natalie quem recebe e acolhe Clara logo no início. Clara é uma menina jovem, que foge do relacionamento abusivo vivido em sua cidade natal. Ela se encanta com a ONG e se fortalece a cada episódio – para os leigos, é pelos olhos de Clara que a série apresenta o trabalho das organizações não governamentais. Então, ao ser ensinada como tudo funciona, ela apresenta essa história de maneira mais fácil para o espectador.
Qual a mensagem que você deseja que ‘Aruanas’ deixe?
Queremos iluminar e dar valor ao trabalho dos ativistas do Brasil e de todo o mundo. Com a série, queremos chegar a mais pessoas para ampliar a reflexão e o conhecimento sobre este planeta, que na verdade pertence a todos nós. O meio ambiente, a Amazônia, seus defensores e seus criminosos são de interesse internacional. Hoje, o Brasil é o país que mais mata ativistas no mundo. 'Aruanas' é uma obra urgente que reforçou seu propósito em toda sua criação e produção, como o protagonismo feminino dentro da trama e por trás das câmeras, o uso de materiais não poluentes, etc.
Quem é o Marcos ativista?
Já há algum tempo que eu busco um mundo mais sustentável, tentando fazer pontes e furar bolhas. Tive uma marca, em 2002, de produtos sustentáveis com preocupação socioambiental. Entre 2004 e 2005, entrei no Instituto Alana e logo depois em conselhos de outras organizações, como o GIFE e o Greenpeace. Sempre busquei maneiras de atingir um público maior e levantar o debate sobre ativismo.
Estela Renner – criadora, autora e diretora geral de Aruanas
Diretora, roteirista e cofundadora da Maria Farinha Filmes, Estela Renner morou durante sete anos nos Estados Unidos, onde fez Mestrado em Motion Pictures e trabalhou escrevendo e dirigindo sitcoms. De volta ao Brasil, passou a dedicar à promoção de causas sociais e ambientais por meio de obras audiovisuais. Estela escreveu e dirigiu 'Muito Além do Peso', documentário sobre a epidemia de obesidade infantil, e 'Criança: a Alma do Negócio', sobre os efeitos da propaganda dirigida às crianças - ambos influentes na mudança de políticas públicas. Para a Globo, Estela cocriou e dirigiu dez dos vinte e cinco episódios da série 'Jovens Inventores', exibida no ‘Caldeirão do Huck’, sobre adolescentes que melhoraram a vida de suas comunidades. Em 2016, lançou mais um documentário escrito e dirigido por ela, 'O Começo da Vida', sobre a importância das relações humanas nos primeiros anos de vida de cada pessoa.
A ideia inicial sempre foi trazer o universo das ONGs ambientais, dos defensores do meio ambiente. Nada mais representativo do que a Amazônia, que reverbera no mundo todo, tem a maior concentração de biodiversidade e sofre com a ganância humana. A série é um estímulo para que as pessoas passem a ver a Amazônia com outros olhos.
Quem são Luiza, Natalie, Verônica e Clara?
São mulheres fictícias, construídas em cima de pesquisas com diversos ativistas, mas fantásticas como toda mulher real. A Verônica é a advogada, que trabalha com métodos, planejamentos - uma pessoa absolutamente organizada. Essa maneira sistemática de viver é derrubada por seu drama amoroso com Amir, marido de Natalie. Ele representa tudo de errado que ela não faz em sua rotina profissional, quase um espelho dessa perfeição cotidiana que ela exige ser. Já a Luiza é o oposto da advogada. É intensa, impulsiva e, por vezes, muito inconsequente. Seu drama pessoal é igual ao de diversas mulheres no mundo: conciliar o trabalho com os cuidados do filho. Como harmonizar essa agenda, sendo ativista? Ela está no momento de repensar a guarda do filho. Natalie é uma jornalista brilhante, referência, centrada, mas perdeu uma gestação avançada, de oito meses, e vive esse luto. O casamento com Amir fica em terceiro plano em sua vida e, quando percebe, o matrimônio já não existe, mas sim o caso do marido com a melhor amiga. É Natalie quem recebe e acolhe Clara logo no início. Clara é uma menina jovem, que foge do relacionamento abusivo vivido em sua cidade natal. Ela se encanta com a ONG e se fortalece a cada episódio – para os leigos, é pelos olhos de Clara que a série apresenta o trabalho das organizações não governamentais. Então, ao ser ensinada como tudo funciona, ela apresenta essa história de maneira mais fácil para o espectador.
Qual a mensagem que você deseja que ‘Aruanas’ deixe?
Queremos iluminar e dar valor ao trabalho dos ativistas do Brasil e de todo o mundo. Com a série, queremos chegar a mais pessoas para ampliar a reflexão e o conhecimento sobre este planeta, que na verdade pertence a todos nós. O meio ambiente, a Amazônia, seus defensores e seus criminosos são de interesse internacional. Hoje, o Brasil é o país que mais mata ativistas no mundo. 'Aruanas' é uma obra urgente que reforçou seu propósito em toda sua criação e produção, como o protagonismo feminino dentro da trama e por trás das câmeras, o uso de materiais não poluentes, etc.
Quem é o Marcos ativista?
Já há algum tempo que eu busco um mundo mais sustentável, tentando fazer pontes e furar bolhas. Tive uma marca, em 2002, de produtos sustentáveis com preocupação socioambiental. Entre 2004 e 2005, entrei no Instituto Alana e logo depois em conselhos de outras organizações, como o GIFE e o Greenpeace. Sempre busquei maneiras de atingir um público maior e levantar o debate sobre ativismo.
Estela Renner – criadora, autora e diretora geral de Aruanas
Diretora, roteirista e cofundadora da Maria Farinha Filmes, Estela Renner morou durante sete anos nos Estados Unidos, onde fez Mestrado em Motion Pictures e trabalhou escrevendo e dirigindo sitcoms. De volta ao Brasil, passou a dedicar à promoção de causas sociais e ambientais por meio de obras audiovisuais. Estela escreveu e dirigiu 'Muito Além do Peso', documentário sobre a epidemia de obesidade infantil, e 'Criança: a Alma do Negócio', sobre os efeitos da propaganda dirigida às crianças - ambos influentes na mudança de políticas públicas. Para a Globo, Estela cocriou e dirigiu dez dos vinte e cinco episódios da série 'Jovens Inventores', exibida no ‘Caldeirão do Huck’, sobre adolescentes que melhoraram a vida de suas comunidades. Em 2016, lançou mais um documentário escrito e dirigido por ela, 'O Começo da Vida', sobre a importância das relações humanas nos primeiros anos de vida de cada pessoa.
Como foi o processo de criação de ‘Aruanas’?
Fizemos dezenas de entrevistas com ativistas, e vimos um trabalho de resiliência muito inspirador. O que priorizamos na criação de ‘Aruanas’ foram histórias fortes, em que dramas pessoais e a busca por um ideal ora se misturam, ora se atrapalham, ora se salvam. Com o material da pesquisa em mãos, o Marcos e eu fechamos o foco da obra - que é a ONG ambiental - talvez muito influenciados pelo fato de que um dos nossos primeiros entrevistados tenha sido uma pessoa da maior instituição de representação do meio ambiente. Nesse sentido, ‘Aruanas’ é uma série praticamente pronta. A vida dos ativistas é muito movimentada, tem muito drama humano e muita cena digna de cinema. A continuidade se dá através da relação entre os personagens, do que eles sentem, suas angústias e aflições.
Nos episódios, fica claro que vocês evitam colocar as protagonistas como heroínas, apesar da ação ativista ter um cunho heróico, já que são pessoas que muitas vezes abrem mão de suas vidas por um propósito coletivo. Qual é o lugar desses defensores?
O herói para mim é um espaço a ser preenchido do nosso inconsciente coletivo, ou seja, é um arquétipo. Ele não é real. Não acredito em heróis reais. Eu acredito em virtudes. Durante a minha vida, admirei aqueles que colocam a vida dos outros e um interesse coletivo à frente de seu conforto pessoal. Por que alguém se arrisca pela Amazônia? Pelo mangue? Pela comunidade de pescadores artesanais? Pelos corais? Por que alguém se arrisca para que o planeta não aqueça, para que não gere mais pobreza, mais migrações, mais violência, mais desertos? Por que alguém levanta da cama todos os dias e faz isso? Esta inquietude eu admiro e muito. E, em todas as pessoas que conheci que carregam esta energia, vejo algo em comum: elas não conseguem ser diferentes, é maior do que elas. Um ativista é um ser muito especial e raro. Matá-los realmente tem efeito de contenção e manutenção do status quo. Por isso, que esta série é tão especial para mim, para todos da equipe. Estar nela é estar com todos os ativistas que já morreram. É assumir a sua voz, é continuar.
O Marcos falou um pouco das ativistas. E os vilões Miguel e Olga, quem são eles?
O Miguel nasceu de uma família de garimpeiros e seu destino seria este se não fosse tão inteligente e visionário. Sábio, soube aos poucos criar um grande esquema de lavagem de dinheiro através da sua empresa KM, sem se indispor com ninguém. Muito pelo contrário, com Miguel no poder, muitos cabeças se beneficiam. O que ele não tem é o modus operandi de Brasília. Este quem traz é Olga. Ela é elegante, espirituosa e opera nas vulnerabilidades dos outros. Suas conexões e informações fazem dela uma arma poderosíssima nas mãos de Miguel. Ao longo da série, vamos desvendando mais desse mistério que é a Olga.
Como foi criado o conceito estético da série em parceria com o diretor Carlos Manga Jr?
Foi um processo de criação muito especial. O Manga indicou referências cinematográficas lindíssimas. O Valdy Lopes, nosso diretor de arte, nos mostrou livros de grandes fotógrafos, como Miguel Rio Branco, Claudia Andujar, Luiz Braga. Ficamos um tempo debruçados sobre as cores que buscávamos, sobre os tempos e ritmos narrativos. O Manga trouxe a ideia de fazermos algo visceral, real, com a câmera na mão. Foram algumas semanas juntos, Manga, Valdy, eu e o Marcos. Quando fomos para Manacapuru pela primeira vez, um leque enorme se abriu, era como se algo muito forte e potente tivesse se apresentando. Todo o trabalho de mesa ganhou força exponencial quando visitamos as locações. Acho que temos todo este tempo de criação impresso na série.
Quem é a Estela ativista?
Eu fui uma jovem mochileira, também bandeirante por muitos anos. Sempre tive muita proximidade com esse chão, com a natureza, com o outro e o nosso interior. Quando fiz 19 anos, passei 40 dias viajando de mochila pela Amazônia com mais três amigas. Durante esta viagem, dormi em barcos, redes, acampamentos e aldeias. Conhecemos muita gente nobre, grandes guardiões da floresta. E vimos muita pobreza, muita corrupção, muito abandono diante daquela exuberância toda. Foi uma viagem marcante para mim, que fez com que eu quisesse voltar muitas vezes para lá. Hoje, meu trabalho audiovisual pela Maria Farinha Filmes, sempre voltado para causas sociais, mantém vivo esse ímpeto.
Fizemos dezenas de entrevistas com ativistas, e vimos um trabalho de resiliência muito inspirador. O que priorizamos na criação de ‘Aruanas’ foram histórias fortes, em que dramas pessoais e a busca por um ideal ora se misturam, ora se atrapalham, ora se salvam. Com o material da pesquisa em mãos, o Marcos e eu fechamos o foco da obra - que é a ONG ambiental - talvez muito influenciados pelo fato de que um dos nossos primeiros entrevistados tenha sido uma pessoa da maior instituição de representação do meio ambiente. Nesse sentido, ‘Aruanas’ é uma série praticamente pronta. A vida dos ativistas é muito movimentada, tem muito drama humano e muita cena digna de cinema. A continuidade se dá através da relação entre os personagens, do que eles sentem, suas angústias e aflições.
Nos episódios, fica claro que vocês evitam colocar as protagonistas como heroínas, apesar da ação ativista ter um cunho heróico, já que são pessoas que muitas vezes abrem mão de suas vidas por um propósito coletivo. Qual é o lugar desses defensores?
O herói para mim é um espaço a ser preenchido do nosso inconsciente coletivo, ou seja, é um arquétipo. Ele não é real. Não acredito em heróis reais. Eu acredito em virtudes. Durante a minha vida, admirei aqueles que colocam a vida dos outros e um interesse coletivo à frente de seu conforto pessoal. Por que alguém se arrisca pela Amazônia? Pelo mangue? Pela comunidade de pescadores artesanais? Pelos corais? Por que alguém se arrisca para que o planeta não aqueça, para que não gere mais pobreza, mais migrações, mais violência, mais desertos? Por que alguém levanta da cama todos os dias e faz isso? Esta inquietude eu admiro e muito. E, em todas as pessoas que conheci que carregam esta energia, vejo algo em comum: elas não conseguem ser diferentes, é maior do que elas. Um ativista é um ser muito especial e raro. Matá-los realmente tem efeito de contenção e manutenção do status quo. Por isso, que esta série é tão especial para mim, para todos da equipe. Estar nela é estar com todos os ativistas que já morreram. É assumir a sua voz, é continuar.
O Marcos falou um pouco das ativistas. E os vilões Miguel e Olga, quem são eles?
O Miguel nasceu de uma família de garimpeiros e seu destino seria este se não fosse tão inteligente e visionário. Sábio, soube aos poucos criar um grande esquema de lavagem de dinheiro através da sua empresa KM, sem se indispor com ninguém. Muito pelo contrário, com Miguel no poder, muitos cabeças se beneficiam. O que ele não tem é o modus operandi de Brasília. Este quem traz é Olga. Ela é elegante, espirituosa e opera nas vulnerabilidades dos outros. Suas conexões e informações fazem dela uma arma poderosíssima nas mãos de Miguel. Ao longo da série, vamos desvendando mais desse mistério que é a Olga.
Como foi criado o conceito estético da série em parceria com o diretor Carlos Manga Jr?
Foi um processo de criação muito especial. O Manga indicou referências cinematográficas lindíssimas. O Valdy Lopes, nosso diretor de arte, nos mostrou livros de grandes fotógrafos, como Miguel Rio Branco, Claudia Andujar, Luiz Braga. Ficamos um tempo debruçados sobre as cores que buscávamos, sobre os tempos e ritmos narrativos. O Manga trouxe a ideia de fazermos algo visceral, real, com a câmera na mão. Foram algumas semanas juntos, Manga, Valdy, eu e o Marcos. Quando fomos para Manacapuru pela primeira vez, um leque enorme se abriu, era como se algo muito forte e potente tivesse se apresentando. Todo o trabalho de mesa ganhou força exponencial quando visitamos as locações. Acho que temos todo este tempo de criação impresso na série.
Quem é a Estela ativista?
Eu fui uma jovem mochileira, também bandeirante por muitos anos. Sempre tive muita proximidade com esse chão, com a natureza, com o outro e o nosso interior. Quando fiz 19 anos, passei 40 dias viajando de mochila pela Amazônia com mais três amigas. Durante esta viagem, dormi em barcos, redes, acampamentos e aldeias. Conhecemos muita gente nobre, grandes guardiões da floresta. E vimos muita pobreza, muita corrupção, muito abandono diante daquela exuberância toda. Foi uma viagem marcante para mim, que fez com que eu quisesse voltar muitas vezes para lá. Hoje, meu trabalho audiovisual pela Maria Farinha Filmes, sempre voltado para causas sociais, mantém vivo esse ímpeto.
Carlos Manga Jr – diretor artístico
Entre 1991 e 1998, Carlos Manga Jr. dirigiu obras como ‘Vamp’, ‘Despedida de Solteiro’ e ‘Você Decide’ e produziu ‘Torre de Babel’, ‘Anjo Mau’ e ‘Engraçadinha’, entre outros. Fora da dramaturgia, dedicou os últimos anos à produção e direção de documentários e filmes publicitários, acumulando prêmios em vários festivais internacionais, como os sete Leões no Festival de Criatividade de Cannes. De volta a Globo como diretor artístico, Carlos Manga esteve à frente da minissérie 'Se eu Fechar os Olhos Agora' (2018), lançada pelo Now e, em abril deste ano, no Globoplay e na TV aberta.
Como foi o processo de criação da direção?
Primeiro, eu fui entender melhor de ativismo, com nossos dois autores que são ativistas, ou seja, escrevem sobre uma realidade que conhecem. Vi a rotina de ONGs, conversei com mulheres que estão no front dessas organizações, conheci a fundo o Greenpeace, nosso parceiro técnico. Essa é a primeira coisa que um diretor deve fazer: entender o universo do qual vai retratar e fazer uma reinterpretação do roteiro que tem em mãos para dirigir. Sempre digo que a gramática escrita é uma coisa e a “gramática visual” é outra. O diretor deve criar um diálogo entre esses dois lugares, uma dialética própria para a obra. E então veio a narrativa, a parte técnica, a escolha da equipe. Em 'Ensaio da Orquestra', o Federico Fellini coloca o set nesse lugar: o diretor como um maestro, que escolhe os músicos e a sua própria regência em função do som em questão. Na criação em cima de algo escrito, eu priorizo passar a sensação, o entendimento, o sentimento. Como diretor e cidadão, entendo que o tema tem que ser mostrado, falado, visto e ouvido. No caso de ‘Aruanas’, criamos um conceito visual com sombras e diferentes abordagens com a câmera para transmitir a tensão que o ativismo pede.
Quais as inspirações e o conceito de fotografia da série?
‘Aruanas’ não é super iluminada. Ela não é uma explosão visual do que é essencialmente claro. Na fotografia, usamos como referências dois grandes fotógrafos brasileiros, Miguel Rio Branco e Luiz Braga, que trabalham com muita sombra. As imagens têm densidade. Não fugimos das cores, até porque o norte do Brasil e São Paulo têm cores muito marcadas. Mas a sombra usada por esses fotógrafos nos inspirou para construirmos a estética da série. Nós não falamos de uma Amazônia alegre. Para falar da vida, estamos anunciando que é possível a morte. Ou seja, se não cuidarmos da Amazônia, ela acaba. Retratamos isso musicalmente, na fotografia e na linguagem, que se unem para que essa tensão seja perceptível. Foi importante trazer as sombras desse lugar geralmente apresentado de maneira maravilhosa e exuberante, e que agora tem uma abordagem das diversas realidades que estão ao seu redor: os ativistas, os garimpeiros, os índios, o desmatamento, a ganância.
Quais foram as opções de câmeras e cores para as filmagens na Amazônia e em São Paulo?
Usar a cor para diferenciar e falar da Amazônia e São Paulo seria um caminho muito óbvio. Na Amazônia, o tempo muda muito, chove, é muito úmido, às vezes o céu está azul, às vezes branco. Tem um contraste, uma mistura dicotômica ali. Em São Paulo, temos a referência do cinza, mas que não é necessariamente real. Depende da luz do dia, do lugar. Fugimos então do que é previsível. A câmera então entra como matéria e linguagem para conceituar e fazer essa ligação entre os dois locais. Na Amazônia, foi tudo com a câmera na mão, é lá onde a ação propriamente dita acontece. É um lugar orgânico, com diferentes formas, densidade. Tudo isso, com uma abordagem do que é o ativismo, das pessoas arriscando suas vidas, nos levou ao caminho de interpretar a Amazônia com a câmera na mão. De maneira participativa, interativa, voyeur e que passa uma sensação mais natural, de algo que está acontecendo espontaneamente. São Paulo é geométrica, com avenidas e ruas horizontais, prédios altíssimos. Então existe um pouco mais de movimentos técnicos, retilíneos, onde a tensão permanece, mas é mais psicológica. Pensando nisso, fechamos em panorâmicas, trilhos e tripés com a câmera estática. O que une os dois locais é a tensão.
Entre 1991 e 1998, Carlos Manga Jr. dirigiu obras como ‘Vamp’, ‘Despedida de Solteiro’ e ‘Você Decide’ e produziu ‘Torre de Babel’, ‘Anjo Mau’ e ‘Engraçadinha’, entre outros. Fora da dramaturgia, dedicou os últimos anos à produção e direção de documentários e filmes publicitários, acumulando prêmios em vários festivais internacionais, como os sete Leões no Festival de Criatividade de Cannes. De volta a Globo como diretor artístico, Carlos Manga esteve à frente da minissérie 'Se eu Fechar os Olhos Agora' (2018), lançada pelo Now e, em abril deste ano, no Globoplay e na TV aberta.
Como foi o processo de criação da direção?
Primeiro, eu fui entender melhor de ativismo, com nossos dois autores que são ativistas, ou seja, escrevem sobre uma realidade que conhecem. Vi a rotina de ONGs, conversei com mulheres que estão no front dessas organizações, conheci a fundo o Greenpeace, nosso parceiro técnico. Essa é a primeira coisa que um diretor deve fazer: entender o universo do qual vai retratar e fazer uma reinterpretação do roteiro que tem em mãos para dirigir. Sempre digo que a gramática escrita é uma coisa e a “gramática visual” é outra. O diretor deve criar um diálogo entre esses dois lugares, uma dialética própria para a obra. E então veio a narrativa, a parte técnica, a escolha da equipe. Em 'Ensaio da Orquestra', o Federico Fellini coloca o set nesse lugar: o diretor como um maestro, que escolhe os músicos e a sua própria regência em função do som em questão. Na criação em cima de algo escrito, eu priorizo passar a sensação, o entendimento, o sentimento. Como diretor e cidadão, entendo que o tema tem que ser mostrado, falado, visto e ouvido. No caso de ‘Aruanas’, criamos um conceito visual com sombras e diferentes abordagens com a câmera para transmitir a tensão que o ativismo pede.
Quais as inspirações e o conceito de fotografia da série?
‘Aruanas’ não é super iluminada. Ela não é uma explosão visual do que é essencialmente claro. Na fotografia, usamos como referências dois grandes fotógrafos brasileiros, Miguel Rio Branco e Luiz Braga, que trabalham com muita sombra. As imagens têm densidade. Não fugimos das cores, até porque o norte do Brasil e São Paulo têm cores muito marcadas. Mas a sombra usada por esses fotógrafos nos inspirou para construirmos a estética da série. Nós não falamos de uma Amazônia alegre. Para falar da vida, estamos anunciando que é possível a morte. Ou seja, se não cuidarmos da Amazônia, ela acaba. Retratamos isso musicalmente, na fotografia e na linguagem, que se unem para que essa tensão seja perceptível. Foi importante trazer as sombras desse lugar geralmente apresentado de maneira maravilhosa e exuberante, e que agora tem uma abordagem das diversas realidades que estão ao seu redor: os ativistas, os garimpeiros, os índios, o desmatamento, a ganância.
Quais foram as opções de câmeras e cores para as filmagens na Amazônia e em São Paulo?
Usar a cor para diferenciar e falar da Amazônia e São Paulo seria um caminho muito óbvio. Na Amazônia, o tempo muda muito, chove, é muito úmido, às vezes o céu está azul, às vezes branco. Tem um contraste, uma mistura dicotômica ali. Em São Paulo, temos a referência do cinza, mas que não é necessariamente real. Depende da luz do dia, do lugar. Fugimos então do que é previsível. A câmera então entra como matéria e linguagem para conceituar e fazer essa ligação entre os dois locais. Na Amazônia, foi tudo com a câmera na mão, é lá onde a ação propriamente dita acontece. É um lugar orgânico, com diferentes formas, densidade. Tudo isso, com uma abordagem do que é o ativismo, das pessoas arriscando suas vidas, nos levou ao caminho de interpretar a Amazônia com a câmera na mão. De maneira participativa, interativa, voyeur e que passa uma sensação mais natural, de algo que está acontecendo espontaneamente. São Paulo é geométrica, com avenidas e ruas horizontais, prédios altíssimos. Então existe um pouco mais de movimentos técnicos, retilíneos, onde a tensão permanece, mas é mais psicológica. Pensando nisso, fechamos em panorâmicas, trilhos e tripés com a câmera estática. O que une os dois locais é a tensão.
A série conta com elenco de diversas partes do país. Como foi a seleção e a preparação dos atores?
Os nomes das protagonistas foram iminentes. Quando sentei com os autores para ler a obra, imediatamente pensamos em Taís, Débora e Leandra. Algumas coisas mudaram no decorrer da pré-produção: a personagem da Olga ganhou mais destaque e o nome da Camila Pitanga nos veio imediatamente. São atrizes de excelência e que carregam o ativismo na vida pessoal. A série também pedia um elenco diversificado. Estamos falando da Amazônia, do norte do país – não poderíamos ficar sem atores locais e de outras regiões. Eu preciso acreditar no que estou fazendo para que o espectador também acredite. Os personagens locais da fictícia Cari são atores amazonenses. Para o elenco das aldeias atacadas, fizemos questão que fossem atores indígenas. Para a preparação do elenco, contamos com a Amanda Gabriel, que constrói as cenas junto com os atores e os diretores. E eu também gosto de dirigir “no ouvido”: solto a semente no ator e ele me traz a construção daquele momento de volta. Temos atores e atrizes extremamente interativos, criativos e inteligentes nesse elenco e eles nos dão muitos ingredientes e soluções em cenas. Também contamos com a parceria técnica do Greenpeace que treinou os atores para uma situação de risco em ação não violenta.
Quem é o Carlos Manga Jr. ativista?
Eu costumo dizer que meu ativismo é a dramaturgia. É a ferramenta que tenho e que melhor conheço para levantar a reflexão de um tema que considere importante para a sociedade. Nesta série, estamos falando do pulmão do mundo, da nossa casa, que precisa dessa atenção urgentemente. Sempre que eu posso, gosto de trabalhar com obras que, de alguma forma, têm um propósito social. Às vezes, serão mais pungentes, outras de maneira mais subliminar.
Os nomes das protagonistas foram iminentes. Quando sentei com os autores para ler a obra, imediatamente pensamos em Taís, Débora e Leandra. Algumas coisas mudaram no decorrer da pré-produção: a personagem da Olga ganhou mais destaque e o nome da Camila Pitanga nos veio imediatamente. São atrizes de excelência e que carregam o ativismo na vida pessoal. A série também pedia um elenco diversificado. Estamos falando da Amazônia, do norte do país – não poderíamos ficar sem atores locais e de outras regiões. Eu preciso acreditar no que estou fazendo para que o espectador também acredite. Os personagens locais da fictícia Cari são atores amazonenses. Para o elenco das aldeias atacadas, fizemos questão que fossem atores indígenas. Para a preparação do elenco, contamos com a Amanda Gabriel, que constrói as cenas junto com os atores e os diretores. E eu também gosto de dirigir “no ouvido”: solto a semente no ator e ele me traz a construção daquele momento de volta. Temos atores e atrizes extremamente interativos, criativos e inteligentes nesse elenco e eles nos dão muitos ingredientes e soluções em cenas. Também contamos com a parceria técnica do Greenpeace que treinou os atores para uma situação de risco em ação não violenta.
Quem é o Carlos Manga Jr. ativista?
Eu costumo dizer que meu ativismo é a dramaturgia. É a ferramenta que tenho e que melhor conheço para levantar a reflexão de um tema que considere importante para a sociedade. Nesta série, estamos falando do pulmão do mundo, da nossa casa, que precisa dessa atenção urgentemente. Sempre que eu posso, gosto de trabalhar com obras que, de alguma forma, têm um propósito social. Às vezes, serão mais pungentes, outras de maneira mais subliminar.
Perfil dos personagens
Luiza (Leandra Leal) – Entre as três fundadoras da ONG ‘Aruana’, é a personificação da ativista de confronto e aventura. Destemida e impulsiva, Luiza é encontrada por diversas vezes em situações de risco. Mãe de Yan (Pedro Guilherme), se divide entre o filho e às causas ecológicas, mas muitas vezes coloca o garoto em perigo ou deixa a maternidade para segundo plano. No aspecto pessoal, vai confrontar o ex-marido Gilberto (Samuel Assis) na justiça pela guarda do filho.
Luiza (Leandra Leal) – Entre as três fundadoras da ONG ‘Aruana’, é a personificação da ativista de confronto e aventura. Destemida e impulsiva, Luiza é encontrada por diversas vezes em situações de risco. Mãe de Yan (Pedro Guilherme), se divide entre o filho e às causas ecológicas, mas muitas vezes coloca o garoto em perigo ou deixa a maternidade para segundo plano. No aspecto pessoal, vai confrontar o ex-marido Gilberto (Samuel Assis) na justiça pela guarda do filho.
Natalie (Débora Falabella) – Jornalista e apresentadora de um programa de televisão, se divide entre a ONG e o trabalho, que por muitas vezes usa como veículo para denúncia de crimes ambientais, o que lhe causa problemas com o chefe Sheik (Bruno Padilha). É casada com Amir (Rômulo Braga), mas vive uma profunda crise matrimonial após perder a filha em uma gravidez avançada. Se envolve com Gregory (Gustavo Vaz) e se choca ao descobrir o caso do marido e Verônica (Taís Araújo).
Verônica (Taís Araujo) – Advogada de grande destaque, trabalha em um escritório, mas é extremamente envolvida com as causas da ONG. Sempre muito séria, obedece às leis e sistemas e frequentemente repreende as amigas por agirem de maneira impulsiva e colocarem os casos em risco. Vive um conflito interno por trair a melhor amiga, Natalie (Débora Falabella), ao ter um caso com seu marido, Amir.
Clara (Thainá Duarte) – Estagiária da ONG, inicialmente é menosprezada pelas ativistas e sua primeira luta é para que seja aceita entre elas. Conta com a ajuda do melhor amigo André (Vitor Thiré) e de Falcão (Bruno Goya) para entender melhor os trâmites e ações da Aruana. Chega em São Paulo com uma mão na frente e outra atrás, após fugir de Ramiro (Rafael Primot), o namorado abusivo e violento. Posteriormente se envolve com Falcão.
Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos) – Dono de uma das maiores mineradoras do país, a KM, é responsável por toda a operação ilegal de garimpos em Cari – AM. Não mede esforços para estar no poder. O que o torna mais humano é a neta Gabi (Manuela Trigo), que tem paralisia cerebral e demanda cuidado e atenção. Tem muita confiança e carinho pelo braço direito Felipe (Gustavo Falcão), ex-marido de sua falecida filha. Se envolve com Olga (Camila Pitanga), em um jogo de poder e sedução.
Olga (Camila Pitanga) – Lobista, é capaz de virar qualquer jogo entre políticos e empresários. Muito sedutora, faz diversas manobras para conseguir a extinção da Reserva Eldorado para o avanço dos negócios de Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos). Contratada pelo vilão, eles vão além do profissional, mantendo uma relação sexual. Extremamente independente, age como tem vontade e isso se reflete até em sua sexualidade.
Amir (Rômulo Braga) – Arquiteto, é o financiador da ONG Aruana. É casado com Natalie (Débora Falabella), com quem mantem um relacionamento apenas para ajudá-la a sair de seu luto após perder a filha, em gravidez avançada. Apaixonado, tem um caso com Verônica (Taís Araujo), a melhor amiga de Natalie.
André (Vitor Thiré) – Responsável pela comunicação e relações públicas da Aruana, auxilia as ativistas nas investigações da ONG. É o primeiro a ter contato com Clara (Thainá Duarte), convidando-a para participar da instituição.
Falcão (Bruno Goya) – Diretor de logística da Aruana, cuida do planejamento das ações que dá suporte às ativistas. Ajuda Clara (Thainá Duarte) a superar o trauma com o ex-namorado e se envolve com a garota.
Pontocom (Ravel Andrade) – Nerd e hacker da Aruana. É o braço tecnológico da ONG e tem papel essencial para desvendar o dossiê contra a KM.
Felipe (Gustavo Falcão) – Delator da KM, vive entre o medo e a coragem de denunciar a empresa de Miguel (Luiz Carlos Vasconcelos), onde trabalha. Padrinho de Gabriela (Manuela Trigo), tem uma relação amigável com Miguel até ser descoberto e sua vida ser colocada em risco.
Otávio (Sérgio Pardal) – Jornalista de Cari – AM. Casado e com filho pequeno, recebe o dossiê contra a KM de Felipe (Gustavo Falcão) e intermedia o contato do delator com a ONG. É morto por conta disso.
Rosa (Isabela Catão) – Viúva de Otávio (Sérgio Pardal), ajuda as ativistas nas investigações.
Padre Adelino (Luti Angeli) – Religioso de Cari – AM, ajuda as ativistas desde o início das investigações. É um padre ligado a movimentos sociais.
Sheik (Bruno Padilha) – Diretor do programa de TV que Natalie (Débora Falabella) apresenta. É um obstáculo para a exibição dos conteúdos mais originais propostos por Natalie.
Evandro (Daniel Volpi) – Diretor geral da TV. Tende a apoiar Natalie (Débora Falabella) nos conteúdos que sugere ao programa.
Gilberto (Samuel Assis) – Ex-marido de Luiza (Leandra Leal) e pai de Yan (Pedro Guilherme). Enfrenta Luiza judicialmente para obter a guarda da criança.
Ramiro (Rafael Primot) – Ex-namorado de Clara (Thainá Duarte). Possessivo e agressivo, vai atrás dela na Amazônia, e não tem interesse algum em voltar a sua cidade. Implica com Falcão e André.
Rubens (Marcos Andrade) – Promotor de Cari – AM. Convencido por Verônica (Taís Araujo) a mudar a justiça da cidade e investigar os crimes locais. Responsável pela prisão dos envolvidos na morte de Otávio (Sérgio Pardal).
Gregory (Gustavo Vaz) – Antropólogo envolvido com as causas indígenas em Cari – AM. Ajuda Natalie (Débora Falabella) e sua equipe nas investigações e chega a se envolver com a jornalista.
Nelson (Flávio Rocha) – Capanga de Miguel, não mede esforços e consequências para atender a um pedido do chefe.
Robson (Buda Lira) – Gerente dos garimpos de Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos) e responsável pela descoberta das minas de ouro de Eldorado.
Décio (Cláudio Jaborandy) – Delegado corrupto de Cari – AM. Tem conhecimento do garimpo ilegal, ajuda Nelson (Flávio Rocha), mas também prejudica Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos) ao atender pedidos de Oscar (Luiz Serra).
Yan (Pedro Guilherme) – Filho de Luiza (Leandra Leal) e Gilberto (Samuel Assis). Vive entre as discussões dos pais e é disputado na justiça por eles.
Gabriela (Manuela Trigo) – Neta de Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos), tem paralisia cerebral e perdeu a mãe ainda quando criança. É afilhada de Felipe (Gustavo Falcão).
Ícaro (Daniel Ribeiro) – Balseiro que leva mantimentos para os garimpos ilegais. É seduzido por Luiza (Leandra Leal) e se vinga dela ao sequestrá-la.
Payall (Kay Sara) – Índia, grávida de nove meses, sobrevive ao massacre à tribo comandado por Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos) e Nelson (Flávio Rocha). É ajudada por Natalie (Débora Falabella), Gregory (Gustavo Vaz) e Alan (Guilherme Barroso).
Alan (Guilherme Barroso) – Cinegrafista da TV, acompanha Natalie (Débora Falabella) na produção da matéria sobre a devastação de Cari – AM.
Raoni (Abraão Mazuruna) – Índio sobrevivente do ataque à tribo em Cari – AM. É pai do filho de Payall (Kay Sara) e amigo de Gregory (Gustavo Vaz).
Oscar (Luiz Serra) – Fazendeiro de Cari – AM, é inimigo de Miguel (Luiz Carlos Vasconcellos) e ajuda as ativistas. Está envolvido no esquema de roubo do ouro produzido pelos garimpos da KM.
Besouro (Ítalo Ruy) – Morador de Cari – AM com ficha suja na delegacia. É preso como bode-expiatório da morte de Otávio (Sérgio Pardal) e foge após contar a verdade para Rubens (Marcos Andrade) e Verônica (Taís Araújo).
via Globoplay
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