Review: Andre Matos, o Maestro do Rock (Parte 1) (2022)


No último final de semana aconteceu um dos momentos mais emocionantes da minha carreira. Eu assisti a parte 1 do documentário Andre Matos, o Maestro do Rock, dedicado a um dos caras mais fodas da história do heavy metal. O documentário está disponível via streaming, e você pode saber mais detalhes por meio deste link. Por aqui a gente vai rir, matar as saudades e relembrar esse cara fantástico que foi o Andre.



A importância da base

O diretor Anderson Bellini dedica um tempo precioso e bem-vindo mostrando as origens do Andre. Tudo começa em Piedade, São Paulo, o município que ele gostava de ir e se desligar do mundo, passar um tempo com a família, e compor músicas. Tudo isso com um belo visual de montanhas, árvores e o sol ao fundo.

De forma geral, esse bloco inicial mostra a vida simples, mas a família sempre unida, e as idas e vindas entre o Rio de Janeiro e SP. Ele também reforça a importância da família sendo a base que permitiria o Andre ser o seu melhor eu, tanto pessoal quanto profissional.

Como eu conheci o trabalho do Andre já na época do Time to Be Free, muita coisa eu fui conhecendo pela internet - amigos contando ou eu mesma pesquisando. Então muita coisa nesse documentário eu não sabia ao certo, ou totalmente. Um exemplo é a ligação da família dele com a música. Ou que o Andre era apaixonado por aviões. Ou a sua ligação com a música clássica desde cedo.

Rock in Rio 1985, o momento decisivo

O Andre é oficialmente mordido pelo bichinho do rock depois de assistir o Rock In Rio de 85. Pudera. É um momento sagrado na história da música pesada. Ele decide que quer se tornar isso depois de ver o show do Iron Maiden, e eu totalmente consigo entender. Daí a vida começa a conspirar para que ele se aproxime e faça amizade com os garotos que futuramente fundariam o Viper.

Hoje o Viper é um dos pilares do metal brasileiro. Então é muito legal ver os integrantes da banda, ou o pessoal que conheceu eles ainda moleques, contando como foi ver o Viper nascer. Ter banda sem saber tocar, tocar muitas vezes sem cachê, e arregaçar as mangas pra viver o sonho. Tão diferente de hoje em dia.

Spoiler sem contexto: minha parte favorita é do pessoal contando como foi o teste do Andre pra entrar no Viper, e o começo dele na carreira de cantor. É divertido, engraçado e inesperado para um cara que se tornou uma lenda do power metal.

I'm living for the night, though we have to fear it

Um dos momentos mais satisfatórios do documentário é saber como foi a recepção do mundo ao Viper. A molecada já tinha visão de muita coisa que surpreende pela idade, e a segurança com a qual o Andre fala as coisas é muito digna dele. Até que nós chegamos num dos momentos mais icônicos da história do metal brasileiro: a gravação do álbum Theatre of Fate.

Trata-se de um álbum conceitual. Garotos, que podiam estar fazendo qualquer coisa, inclusive criando confusão, escrevendo um álbum conceitual de heavy metal. Ele é uma mistura muito boa de heavy clássico com metal/rock progressivo, e um toque muito bem aplicado de música clássica. Eu adorei ver os bastidores da gravação de um álbum tão famoso. Ah! O doc também revela como nasceram as lendárias Living For the Night e Moonlight,.

I'm alive, I'm alive, just by the light from your eyes

Outra coisa que eu adorei saber é como o Viper foi descoberto no Japão. Eu já conhecia essa história, mas não com tantos detalhes. Dá um baita orgulho ver a recepção dentro e fora do país ao Theatre, até que chegamos a outro momento crucial: o Andre sair do Viper e migrar para música clássica.

Como ele sempre foi muito reservado, antes do doc eu nunca tinha visto nem foto nem vídeo do tempo dele estudando música clássica. Minha parte favorita é ele regendo o coral erudito. Esse é o Maestro que eu vou lembrar pra sempre, pensei.

A Parte 1 de Andre Matos, o Maestro do Rock é magnífica. Pela entrevista que eu fiz com o Andre há alguns anos, deu para sentir que ele era exatamente o que o documentário mostrou. Um cara centrado, inteligente, que adorava falar do seu trabalho. Um gênio.

A Parte 2 será lançada em março, mas não sem a Parte 1 terminar falando sobre a música suprema da vida do Andre: Carry On.

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