Review: Amaranthe - Manifest (2020)


Não dá para explicar em português brasileiro o tanto de problema que me impediu de trazer esse review antes. Mas hoje tem! Vamos falar de uma banda que eu adoro: o Amaranthe. Em 2020 o grupo lançou "Manifest", sexto álbum de estúdio, e eu já adianto que ele faz muito jus ao nome. Os suecos continuam confortáveis em misturar de pop e heavy metal, e se o álbum é frustrante, é por não ter ainda mais elementos pop.


Eurometal, o sucessor do eurodance

A fusão entre metal e música industrial/eletrônica não é inédita. Rammstein, Pain, Fear Factory e tantos outros nomes já faziam isso. O detalhe é a maneira que o Amaranthe apresenta esse combo: faz lembrar muito mais do pop dançante, o eurodance que eu tanto gosto. Não é surpresa, pois a Suécia ao mesmo tempo é uma potência no metal, e forte na música pop/eletrônica. Ace of Base não me deixa mentir.


Os três mosqueteiros das vozes


A formula do Amaranthe gravar álbuns vinha a mesma, porém "Manifest" quebrou isso. O registro é de longe o mais dinâmico, experimental e aventureiro de uma banda ousada por natureza. A palavra chave aqui é "harmonia", pois tudo que você ouve segue um equilíbrio sólido e de muita qualidade. 

Os três vocalistas são incríveis. Juntos eles criam uma única voz potente. Separados, o trio brilha de acordo com o que pede a música, mas deixando a sensação geral de "que gente bonita e afinada, bicho".
Nas horas do trio, às vezes eu senti falta de ouvir a Elize com um pouco mais de clareza. Fora isso, ela entrega uma ótima performance, ainda mais nas baladas. O Nils entrou em 2017, e a voz limpa dele foi um ótimo acréscimo. O Henrik está na sua melhor forma. Quem gostou de "GG6", vai adorar tudo que ele faz em "Manifest".


Os três mosqueteiros das melodias

O que a bateria do Morten faz, não tem como explicar 100%. Ele é um verdadeiro ginasta, dando ritmo e energia com uma batida pesada, rápida e versátil. O baixista Johan dá aquele acabamento nas músicas que só um bom baixista consegue, e o guitarrista Olof realmente jogou peso no álbum.

Detalhe: Olof é guitarrista, produtor, tecladista e ainda trabalhou os sintetizadores. Isso sem dúvidas dá uma coesão a mais ao som do Amaranthe, onde cada peça se encaixa muito bem. 


Colaborações cirúrgicas

PS: ouça Battle Beast, gostoso demais (sem erro, excelente banda)

Em tempos de pandemia, o Amaranthe fez acontecer colabs muito bem aproveitados. Segue a lista da mini constelação de estrelas:

Noora Louhimo (Battle Beast) - vocais em "Strong"
Perttu Kivilaakso (Apocalyptica) – cello em "Crystaline"
Elias Holmlid (Dragonland) – teclado em "Crystaline
Heidi Shepherd (Butcher Babies) – vocais falados em "BOOM!1"
Jeff Loomis (Arch Enemy) – solo de guitarra em "Do or Die"
Angela Gossow (ex-Arch Enemy) – gutural em "Do or Die" (edição limitada do álbum)

Destaques

Eu odeio essa parte, pois dificulta não destacar o álbum inteiro (HEH). Vamos tentar:

"Strong") O dueto é excelente. A Noora tem uma voz potente, melodiosa, de um jeito diferente. Foi um jeito legal de quebrar a fórmula balada com dueto homem e mulher.

"The Game") Aqui o Olof encarou o A-ha interior nos teclados, bom demais. Nas primeiras ouvidas a música me agradou, mas não tinha virado favorita. Agora ela é (uma delas). O refrão empolga demais.

"BOOM!1") A prova que o Amaranthe ainda pode brincar muito mais com a mistura pop x metal. É a faixa mais pesada, puxada para um rap-djent surpreendente. O jeito que o Henrik é agressivo e ágil no rap, ele é diferente.

Menção honrosa) "Fearless" e "Archangel" claramente foram inspiradas pela turnê com Sabaton, e eu adorei. "Archangel" é, oficialmente, a "Ghost Division" do Amaranthe, e eu amo muito tudo isso.


O que você vai encontrar em "Manifest"

- Um álbum ótimo de ouvir várias vezes seguidas
- Excelente dinâmica entre os vocalistas e músicos
- Colaborações muito bem feitas
- Inspirações interessantes
- Uma ótima mensagem
- Energia e empolgação de sobra

E aí?


Em "Manifest" o Amaranthe superou o auge criativo de "Helix", com um álbum que melhora o quanto mais vezes você ouve. São músicas contagiantes que olham temas negativos por uma perspectiva positiva, filosofia essa que eu adoro e aplico aqui no site.

Você já sabe que o presente está ruim. Mas se alguém não passar esperança de que o futuro pode ser positivo, isso vai acontecer como? Se depender do Amaranthe, entretanto, o público vai aprender isso na base da dança e headbanging da melhor qualidade.

O Amaranthe é

Olof Mörck – guitarras, teclados, sintetizadores, produção, mixagem
Elize Ryd – vocais
Morten Løwe Sørensen – bateria
Johan Andreassen – baixo
Henrik Englund Wilhemsson – vocal agressivo
Nils Molin – vocal limpo

Ouça "Manifest"

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