Crítica (retrô): Black Sabbath - "13"


Em 10 de junho de 2013, o Black Sabbath fez história mais uma vez. Após reunir Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler, a banda e gravou "13", último giro em estúdio. Fazia tempo: há 18 anos que o Sabbath não lançava material inédito, e há 35 anos que o quarteto fantástico não se reunia. Bill Ward ficou fora por problemas mal resolvidos e nunca explicados.

Se você nunca ouviu, ou se já ouviu e faz tempo, ouça o álbum. É uma viagem sonora que totalmente vale as 1h 16min de duração, mesmo anos depois. Por isso hoje vamos de crítica retrô, comemorando a existência dessa joia. 


Refinado e clássico

Em matéria de som, não temos novidades gritantes. É o Black Sabbath das músicas longas, notas dissonantes, riffs de velocidades diferentes e um dos timbres de guitarra mais famosos de sempre, construído ao longo dos anos por Iommi e Rick Rubin. O maior charme do álbum é misturar as ideias do passado, com a tecnologia e as possibilidades dos dias atuais.

Iommi, aliás, trabalha as notas de guitarra de "13" impecavelmente - como você esperaria do Mestre dos riffs. É um esforço que produziu riffs responsáveis por ótimas quebras de tempo, momentos mais animados, lentos, tornando o disco a ainda mais gostoso de ouvir. É como se o guitarrista abrisse um portal para outra dimensão, e você passa por ele sacudindo a cabeça no ritmo que o Iommi mandar.

Geezer Butler também é certeiro. Seu baixo faz um trabalho periódico, mas acrescenta muito peso e vida às músicas. E você efetivamente ouve o baixo, não é aquela coisa de "baixista figurante". Butler deixa o álbum ainda mais atmosférico e oitentista, do jeito que você imagina o Sabbath tocando em um bar mal iluminado, a galera bebendo sossegada, e eles agitando o local.

E o Ozzy?

Sua voz deixa a experiência de ouvir "13" psicodélica do jeitinho que o fã de Black Sabbath gosta. A performance do Madman - com 64 anos na época - é calculada, e obviamente guiada. Ainda assim ela não desaponta, pois o vocal sombrio e lento se encaixa exatamente no som que Rick Rubin estava produzindo. 

Destaques

"God Is Dead?"

É uma música bastante atual. O início sombrio, que logo abre espaço para guitarra rasgando altos riffs é uma combinação de contrastes, mas que funcionam muito bem. No geral, a melodia encaixa muito bem com o humor da letra, e a letra em si. Esta é claramente no filósofo alemão Friedrich Nietzsche, e seus questionamentos sobre a existência de Deus.

O que eu realmente gosto, é a reflexão madura que Ozzy canta sobre os rumos da sociedade. Ele não crava que Deus está realmente vivo ou morto. É esse sentimento de dilema, a corda bamba emocional que deixa a música atemporal. E com um refrão excelente.

"Loner"

A faixa é dessas bem easy listening, com um alma mais rock n' roll. É um contraste para letra sobre um cara solitário, enigmático, que é seu melhor amigo e pior inimigo. Os riffs e solos distorcidos do Iommi grudam na cabeça, e quando você se liga, tá batendo pé no pique do som. Junte com cada virada da bateria, e tempos a definição de stonks;

"Zeitgeist"

É a vez do Ozzy brilhar sozinho. Faixa acústica, a banda acompanha o Madman apenas com violão e uma percussão, tornando a música numa viagem até melancólica, se você ouvir com atenção. O título vem do termo alemão de mesmo nome, muito famoso na psicologia - e a letra combina bem com isso. Aqui tem uma leitura curta, mas bem fácil para entender.

Anos depois, ainda é a minha música favorita do álbum.

Conclusão

Nunca tive costume de ouvir Black Sabbath, então ouvir "13" em 2013, foi uma experiência das bem estranhas. Mas não do tipo ruim, só fora da curva do que eu ouvia na época. Essa curva se mantém, a diferença é que agora eu estou aberta a ouvir basicamente (quase) todo tipo de música. O que incluir revisitar esse álbum tão bom, mas com ressalvas.

As ressalvas, são: se você curte música agitada, e não tem paciência pra ouvir som mais lento ou que dure mais de cinco minutos, "13" não é uma boa opção. Agora, se você não se incomoda com isso, é certeza que a viagem vai agradar. Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler criaram um universo paralelo sombrio, questionador.. O universo do Black Sabbath.

Vamos soltar o play?

Pra fechar, temos os clipes oficiais de "13" e claro, o álbum completo. Solte o play em absolutamente tudo, sem moderação.




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