Vinha eu, pensando com meus botões: os Bastidores da Ansiedade ficaram fechados. Dei bobeira, nem foi falta de assunto. Então quer saber? Em maio teremos dose dupla, por um motivo bastante do especial. Neste 25 de maio o álbum Unia do Sonata Arctica faz aniversário. E uma das músicas dele dá o tom da minha vida até hoje: "Paid in Full". Essa música salvou a minha vida, pois me ajudou a superar a amizade mais tóxica que eu já tive.
É uma longa história...
O ano era 2004. Colégio novo. Quase ninguém se conhecia. No máximo, quem tinha se transferido com um conhecido de outro colégio. Eu fui sozinha, depois do pessoal do outro colégio me implorar para ficar. Justo quando eu tinha feito amizade com eles. Mas era dose: o colégio novo era perto da minha casa, e a economia com ônibus seria grande.
Entrar num ambiente 100% desconhecido foi um pesadelo. Mas ironia! Na mesma sala tinha alguém que eu conheci do colégio anterior. Qual a chance, de todas as turmas. Com essa pessoa eu conheci outras, e todas ficaram amigas. Formamos um grupo bacana, aquela coisas bem Spice Girls. Mas não demorou tanto assim e começamos a virar Amigas e Rivais.
...Eu disse que a história era longa...
O grupo começou a implodir. Uma tentando minar a amizade da outra, por ciúmes da fulana ser mais chegada da sicrana. E eu fui pega no fogo desamigo. Fiquei mais próxima de uma das sicranas. Achei um horror a dificuldade de adaptação dela, eu sempre defensora os frascos e comprimidos. As brigas do grupo eram tantas e tão grandes, que numa delas a gente interrompeu uma das aulas.
Era tanta ida e vinda entre eu e ela, que olhando de fora a pessoa juraria que a gente era um casal.
(E dos problemáticos)
Inclusive
Isso rendeu o meu ponto de putice máximo com a situação. Um dia, na tentativa de explicar que duas amigas brigando assim era uma merd*, e que seria incrível consertar isso... Ela achou que eu tinha outros motivos. Esses aí mesmo. Felizmente eu soube disso por um amigo. Se eu ouço isso no cara-crachá, digo sem medo: tinha plantado a mão na cara dela com felicidade. Essa era a intenção que eu nunca tornei real, infelizmente.
Entenda
Ter a sexualidade questionada, não seria, como não foi o problema. O que consumiu o meio ódio foi a dificuldade de entender um conceito simples de "amigos não devem brigar assim". Mas quem já está com seu novo grupo (eu diria bando) de amigos feito, e uma pseudo popularidade, vai dar zero fucks pra isso. E quem caiu no limbo? A Trouxa que Vos Fala™, obviamente.
Agilizando a história
Me dá uma dose de ansiedade e raiva relembrar isso, mas foi a porta pra uma coisa boa. Nisso eu fiz amizade com uma garota da turma. Gótica, fã de Madonna e heavy metal. Gente boníssima, me apresentou várias bandas tipo Nitghtwish. Outras eu descobri pesquisando, acho que o Sonata foi assim. O Power Metal Finlandês Starter Pack.
There is fuck (aí é foda)
Terminei o ensino médio em 2008 com um mix de sentimentos. O primeiro, alívio monstruoso de não ter mais que conviver com tanta gente falsa e metida por m². Estudar em colégio particular foi a pior e melhor experiência da vida. Moldou o meu caráter demais. Antes, em 2007, saiu o Unia. Mas quando eu enfim ouvi o Unia, a vida que já não era a mesma, não era a mesma mesmo.
Em 2008/9 eu tive depressão. Um dos piores momentos da minha vida inteira. O trauma de não ter feito amizade pra'lém do colégio bateu forte. Numa ironia maldita, eu invejava quem me fez mal, por ter mantido amizades com quem eu não gostava. Sendo que anos antes, essas pessoas também não se davam umas com as outras. Eu sei, nada disso faz sentido.
O comeback, ele veio
No tempo da depressão, eu tive um momento de recuperação emocional ao som de "The Cross" do Scorpions, e "Paid in Full". "The Cross" era (é) um dedo do meio musical pra relações tóxicas. "Paid in Full" foi (é) um abraço musical, me fez chorar por dizer tudo que eu precisava ouvir, e ninguém me disse.
It's hard for me
To love myself right now
I've waited, hated
Blamed it all on you
Needed to be strong
Yet I was always too weak
[...]
Did you change? I did too
Love can grow from the last grain
Imagine quebrar quase dois anos de vínculo. Algumas pessoas ficaram amigas minhas justo quando eu precisei me transferir. Daí eu chego num ambiente novo, faço amizades. "Finalmente! Gente nova pra gostar e confiar!" E nessa época eu gostava e confiava demais. Isso me ensinou uma lição difícil, mas necessária. Ou não, porque na faculdade eu levei outra porrada emocional fantástica. Papo pra outro momento.
O ponto de virada
It's hard for me
To hate myself right now
Finally I'm understanding me
One day we may have whole
New's me and you's
But first I need to learn
To love me too
Chorei demais ouvindo "Paid in Full". Só voltei a estudar em 2010, com a faculdade. No meio tempo eu pequei meus demônios pós-ensino médio e espremi um a um, na unha. A música me ajudou a ter muita paciência e carinho comigo mesma, poque finalmente eu tô me entendendo. Passei um tempo me odiando por ter sido muito solidária.
Os fantasmas das "amigas" me assombravam com frequência. Resolvi isso atirando na cabeça deles sem dó. Foi um processo longo, complicado e silencioso. Sempre fui ruim de dizer o que eu sinto, do jeito que eu sinto. É por isso que eu entrei nessa de escrever, e cheguei aqui, no jornalismo virtual. E foi graças à "Paid in Full" que eu comecei a fazer as pazes com o passado, superando a amizade mais tóxica da minha vida.
Obrigada, Unia
De 2011 em diante eu quase não ouvi mais a música, pois ela cumpriu a sua missão. No aniversário do Unia, dei umas escutadas pela nostalgia. E resolvi trazer essa memória ruim e raivosa, ansiosa e triste porque achei uma boa. Hoje em dia eu não deixo de me aproximar das pessoas, porém sou bem mais cautelosa de como, quando ou mesmo se vale a pena essa proximidade.
Amizades são ótimas. Daquelas com as quais você conta sempre, divide as ideias iguais, e cresce nas diferenças, sempre com respeito dos dois lados. Mas se a pessoa não quer, não força. Capotar no fim do dia com um pouco de paz, isso não tem preço. É a minha prioridade.
Amizades são ótimas. Daquelas com as quais você conta sempre, divide as ideias iguais, e cresce nas diferenças, sempre com respeito dos dois lados. Mas se a pessoa não quer, não força. Capotar no fim do dia com um pouco de paz, isso não tem preço. É a minha prioridade.
1 Comentários
Mulher, eu tô passando por um perrengue muito parecido, não aguento mais essa galera😭
ResponderExcluirSeja educado(a) antes de comentar. Educação é grátis, e todo mundo gosta.