Crítica: Dua Lipa - Future Nostalgia (2020)


Esquece isso de crise, vírus, política enchendo o saco, e chega aqui pra eu te contar um coisa: hoje é dia de crítica musical. Não deu pra seguir com o plano conforme eu queria, mas vamos de coisa boa, um dos melhores lançamentos do ano junto: Future Nostalgia, novo álbum de estúdio da Dua Lipa. Afinal, já no registro de estreia, a cantora britânica parecia interessante, mas não me cativou de todo. Agora, entretanto, a coisa mudou de figura.



O sentimento


Future Nostalgia é o álbum certo e errado para o momento atual. Foi uma ótima decisão da Dua Lipa em antecipar o lançamento, porque era exatamente isso o que a gente precisava. Parece "errado" um álbum tão feliz em tempo de pandemia, mas era exatamente isso que a gente precisava. As músicas se inspiraram no pop anos 80 e 90 não só na musicalidade, mas em resgatar a atitude que se perdeu com o tempo: liberdade, uma alegria simples e a vontade de ser feliz. E de mostrar isso dançando, afinal, quem dança é porque está feliz.

Esse álbum é perfeito para esquecer as pendengas da vida. As músicas são curtas, mas se ligam bem uma a outra e cumprem seu papel: fazer esquecer que a vida lá fora é uma m*rda. As músicas dão uma vontade honesta de bater pé, improvisar coreografia e cantar junto. O Future Nostalgia tem essa vibe easy going gostosa sabe? Um lembrete de que ser/estar/sentir-se feliz não é pecado.

Destaques


Aqui a gente vai fazer uma coisa diferente. Vou citar algumas referências, mas o álbum é muito bom por si só. Elas são só um complemento do produto final.

"Pyhsical"

A música não economiza nos teclados, traço marcante dos anos 80. O jeitão música de boate lembra a Madonna anos 2000, sabe? Fase Confessions. "Physical" é uma música envolvente, empolgante, e faz sentido, já que fala sobre o calor de um romance. 

"Love Again"

Tive uma forte lembrança do Michael Jackson, por causa do baixo. É a coisa mais gostosa de ouvir a batida que ele cria. Dá vontade de ser feliz, amar a vida, e o fato de estar viva. O violino também é bom demais.

"Break My Heart"

Tivemos uma inspiração em Queen? Porque alguns aspectos da melodia lembram demais "Another One Bits the Dust". É a música do álbum que melhor define o conceito de "nostalgia futurista", sendo dançante e festiva, até disco. O finalzinho quase vira o Ma ma sa, ma ma coo sa / Ma ma se, ma ma sa de "Wanna be Startin' Somethin'" do MJ.

"Boys Will Be Boys"

Uma ótima surpresa. A Dua Lipa disse ter enfim decidido fazer uma música sobre empoderamento feminino, algo que ela não havia feito - apesar de falar muito sobre. Foi muito bem posicionada no fim do álbum, focado em ser alegre em dançante: a gente encerra com uma mensagem sobre a dor de ser uma mulher, e lidar com assédio. Decisão perfeita.

Veredito


"Future Nostalgia" é fantástico por cumprir exatamente o que propõe. O som é moderno, com a dose exata de nostalgia pra não virar um "tributo a fulanos e sicranos". Isso é curioso, pois a Dua Lipa tem 24 anos, e não bem viveu a época dessas influências. Ainda assim, a cantora capturou a ideia do jeito que você esperaria.

O álbum veio como um cobertor de felicidade e motivo para não desistir da vida. Sério. Eu estou num estado mentalmente tão esgotado (por motivos além da pandemia do coronavírus), que muitas vezes a vontade é dormir e acordar só quando setembro acabar. Felizmente, meu apego com o pop atual tem sido uma terapia muito bem-vinda.

"Dua Lipa" não é um álbum de estreia ruim, mas não me cativou além de "New Rules e "IDGAF". Já o "Future Nostalgia" mostrou um caminho promissor pelo qual a britânica pode seguir. Sem falar que, definitivamente, coloca o nome da Dua Lipa no radar de nomes que vão carregar o pop nos próximos anos.

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