O comediante falido Arthur Fleck encontra violentos bandidos pelas ruas de Gotham City. Desconsiderado pela sociedade, Fleck começa a ficar louco e se transforma no criminoso conhecido como Coringa.
Um filme diferente
O que chama atenção em Coringa logo de cara é o ambiente do filme sendo um pouco mais no passado e usando o drama para contar uma história vindo dos quadrinhos. Por não ter uma origem definida, isso também contribuí para um pouco mais da liberdade em algumas escolhas do filme.
Quando conhecemos Arthur Fleck vemos uma pessoa tentando viver, e sobreviver, em uma Gotham que está cada dia mais violenta e cada vez mais negando os problemas mentais que tem aparecido mais na sociedade. Qualquer retratação atual sendo levado para o filme, talvez não seja mera coincidência.
Arthur é palhaço profissional e atua para uma agência para realizar diversos tipos de trabalho como propaganda de rua, animar crianças no hospital, etc. E ainda arrisca a carreira no stand up comedy, a famosa comédia em pé. E isso gerou uma grande reflexão de um famoso crítico, e piloto, do cinema nacional.
Somos invisíveis na sociedade
Um dos pontos que mais marcam o filme é exatamente a questão de tratar doença mental como um dos protagonistas do filme. Fleck sofre com o riso nervoso e em diversas ocasiões da vida ele simplesmente não consegue segurar o riso e isso o atrapalha bastante, especialmente nas apresentações.
A controvérsia fica exatamente em vermos mais uma vez a clássica ligação de problemas mentais de saúde levar a pessoa a se tornar criminosas extremamente violentas. Uma outra discussão para o futuro talvez.
As duas primeiras partes do filme são muito boas na construção dos personagem e abordagem dos problemas de Arthur e como a violência vai entrando na sua mente. Quando o conhecemos ele é de certa forma medroso, até pelo seu riso poder disparar repentinamente. E após vermos ideias muito bem sacadas para o lado louco, o último terço do filme derrapa e exagera.
Quer outra piada Murray?
Muito pelo caos que é o Coringa como personagem em sí o filme perde um pouco da mão para criar um final muito grande pelo peso do personagem, contudo, a forma como tudo ocorre acaba sendo corrido e exagerado.
A frase 'fonte: vozes da minha cabeça" nunca fez tanto sentido quanto se for aplicada sobre o final do filme.
No caso da minha experiência atrapalhou o fato de eu ter levado o spoiler mais pesado do filme e sendo essa cena, justamente, na reta final. Junte o caos e um desespero de fazer uma conexão muito rápido, e talvez até mesmo forçada, com o Batman para nos lembrar que estamos em Gotham (mesmo o desenvolvimento da história usando isso de uma forma melhor), Coringa consegue algo que não sabemos se ele queria, no entanto, a sua carreira que conhecemos ganha seu inicio.
Mas e o Joaquim Phoenix
Como o filme só consegui ver muito tempo depois do seu lançamento, e por milagre foi no cinema mesmo com mais de 2 meses depois do lançamento, Joaquim Phoenix merece sim os elogios. Talvez em alguns momentos exagerem com Coringa mas muito do que falam procede no todo.
Você ver a transformação física dele, ao ponto de lembrar os absurdos que Christian Bale (ironicamente o Batman) já fez por exemplo, é assustadora e reforça muito o lado físico da atuação para viver Athur Fleck. Seu Globo de Ouro foi merecido.
Coringa acaba sendo um grande filme de drama com um final que poderia ser melhor para coroar a ousadia que foi o roteiro do filme. Não ter medo de usar a violência é bom, mas assim como o humor negro, é preciso saber usar e não apenas ter por ter.
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