SPOILERS A SEGUIR.
Após a exibição do segundo episódio ('rX'), The Gifted mostrou boa habilidade em combinar várias narrativas, lembrando aos fãs do quão versátil o universo mutante é. Na semana passada o episódio piloto se dividiu entre criar as circunstâncias do mundo pós-X-Men, e apresentou o mundo a família Strucker, pega no fogo cruzado após os filhos terem demonstrado poderosas habilidades mutantes.
E a série não pretende diminuir o ritmo, prova disso foi a FOX ter escalado Len Wiseman, diretor de Anjos da Noite. 'rX' foi um bom exemplo de continuação sólida, pois assumiu rapidamente de onde o episódio piloto deixou a trama, expandindo o mundo de violência e sofrimento no qual os Strucker e seus novos amigos se encontram.
'rX' se divide em três histórias principais: Reed Strucker sendo interrogado por Jace Turner, a prisão de Polaris e Blink, cujos poderes se descontrolaram e colocaram todos na base secreta dos mutantes em risco. Cabe até uma história 3.5 se você considerar Marcos e Caitlin descobrindo a precariedade do sistema de saúde para mutantes, enquanto Lauren e Andy ficaram para ajudar Blink, junto com Thunderbird.
Ao mesmo tempo, ‘rX’ assume de onde ‘eXposed’ parou em termos de criação desse mundo. Mas e aí, a ausência dos X-Men e da Irmandade, é explicada? Em parte...
Jace Turner descreve o "evento" ocorrido em 15 de julho, e sugere que as proporções do mesmo não foram pequenas. Ele matou a filha do agente dos Serviços de Sentinelas, que alega nunca poder saber se a rajada de energia fatal "veio de um mutante bom ou mau." Resumindo: a tragédia foi grande o bastante para motivar e justificar a caçada do governo aos mutantes. É uma espécie de 11 de setembro da série, digamos assim.
Pode ter sido algo semelhante aos problemas mentais do Professor Xavier em Logan, que mataram vários mutantes? Não duvido. Foi algo que eu pensei na mesma hora. Será que de repente, isso matou os X-Men e a Irmandade? Fez eles fugirem e se refugiarem em outros países? Quem sabe. Mas essas duas hipóteses também me cruzaram as ideias.
Em todo caso, citar os X-Men é sempre um jeito de captar a atenção dos telespectadores, mas cria um impasse: sustentar a série com mais do que apenas dizer meia dúzia de nomes famosos. Agents of Shield viveu o mesmo com a impossibilidade de trazer os Vingadores, Nick Fury e/ou Maria Hill (esses dois até apareceram, mas não de forma ativa), porém a série se virou muito bem criando o seu terreno.
Mas a menção do evento em julho e da Força de Libertação Mutante fazem mais do que um link com os X-Men. Tá, ok, você sabe que o mundo ficou paranoico com os mutantes, mas por que? De forma exata, a série ainda não disse. Porém The Gifted "levanta a bola" de um jeito fácil para compreensão, pois surge uma analogia bem descarada (e muito bem-vinda) com o que, e como que isso acontece no mundo real.
A opressão aos mutantes já foi mais do que usada nos filmes dos X-Men, é um recurso de narrativa ultra familiar. Entretanto, por se afastar dos nomes classe A e tomar um rumo mais urbano, e menos heroico/cinematográfico, acaba dando um relativo ar de novidade.
Mostrar Caitlin e Marcos indo a um dos poucos hospitais na região, atrás de remédios para Blink, e a forma como toda interação deles com o local se desenrola, é clichê? Dá pra dizer que sim. Só que as vezes você não precisa inventar a roda de novo, é só pensar num jeito criativo de usar ela. Então a abordagem criada pelos roteiristas abre brechas pra você se identificar com certos casos/momentos do episódio, que fica "pé no chão" e atual.
(Infelizmente opressão e preconceito não deixaram de ser tópicos na sociedade... Se é que um dia vão deixar de ser)
Enquanto isso, Polaris (agora com as madeixas verdes) teve um primeiro dia infernal na prisão, sendo atacada na prisão e pondo a vida do filho ainda não nascido em risco. Reed virou a mesa com Turner, mas deixou a dúvida em como a família/novos amigos vão reagir a isso. Se eles chegarem a saber da verdade.
Isso porque eu não falei da introdução do Dr. Roderick Campbell (Garret Dillahunt), e a história no Rio De Janeiro (!) São várias pontas soltas, boas para serem exploradas. Como, o RJ está ligado aos irmãos Strucker? #descubra
Os mutantes dividiram opiniões dos fãs que foram aos cinemas, mas ironicamente, na TV eles estão mostrando uma boa lenha para queimar. De um lado, Legion tem um super apelo artístico tanto de produção quanto de narrativa, e The Gifted embora não venha com ideia de gerico, nada frenético e cinematográfico, faz um bom trabalho com o que tem em mãos.
Quem diria que é coisa do Bryan Singer!
Esse episódio foi o primeiro que eu vi, finalmente. Tava batendo a curiosidade forte de ver como é a série. Se eu vou continuar assistindo? Quiçá. Não consegui manter o interesse nas séries que eu vinha assistindo. Recentemente larguei Wynonna Earp, embora seja muito legal de um jeito bem particular, e Designated Survivor... Eu não passei nem do terceiro episódio.
Mas como a FOX do Brasil está exibindo The Gifted com delay mínimo (segunda nos EUA, terça no Brasil), coisa que eles só fazem com The Walking Dead, não descarto dar uma chance. Afinal a gente só descobre se gosta ou não, depois que arrisca.
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