Entrevista: Mike LePond (Symphony X)

(Entrevista publicada originalmente no HMBR em 10/02/2016)


E aí internet. Há uma mini eternidade que eu não faço uma entrevista musical e é estranho.. Mais de um ano no ostracismo, e isso é tempo demais para a era da internet e do WiFi. Entretanto, alegria! Hoje é dia de entrevista musical, e eu trago o papo que eu tive com um cara super legal, conhecido e querido por muitos de vocês: Mike LePond, baixista do Symphony X. Na estrada desde 1994, o músico lançou em 2014 o seu primeiro álbum solo, o “Mike LePond's Silent Assassins.”


Bruna: Olá, Mike! Meu nome é Bruna e espero que tudo esteja bem. Queria começar sem rodeios [risos], e falar um pouco sobre o seu meio de vida: você é baixista, mas essa geralmente não é a 1ª opção dos iniciantes. (até onde eu vejo) O que levou você a começar a tocar baixo?

Mike: Quando eu tinha treze anos, meu pai me levou para ver o KISS em Nova York. Foi a coisa mais incrível que eu já tinha visto. Gene Simmons estava cuspindo sangue, fogo, e voando pelo palco. A partir deste dia eu decidi que queria ser um rock star.

Mike LePond ao vivo

Bruna: Você está com o Symphony X desde 2000, uma banda madura e reconhecida pelo trabalho sério, mas que é parte do heavy metal, que tem uma das comunidades mais críticas e difíceis de lidar. Como você se sente sobre essa relação fãs x banda?

Mike: A relação entre bandas e fãs é como a de uma família bem próxima. Os fãs são sempre tão leais às bandas que eles amam, e as bandas, em retorno, devem permanecer fiéis e nunca virarem as costas para as pessoas que os apoiam.


Bruna: É muito comum nós falarmos dos guitar heroes, mas no seu caso, quais são os seus bass heroes?

Mike: Meus bass heroes são Joey Demaio (Manowar), Steve Harris (Iron Maiden), Geezer Butler (Black Sabbath), Gene Simmons (Kiss) e Geddy Lee (Rush).


Bruna: Nós vivemos uma era onde o prazo de validade da informação está cada vez menor. Tudo se consome muito rápido. O quê você pensa sobre a forma na qual as pessoas encaram a música, uma forma de arte, nos dias de hoje?

Mike: A forma como as pessoas consomem música nos dias de hoje me deixa triste. Eles parecem se importar apenas com os singles, ao invés dos álbuns. Sinto falta dos dias quando os fãs iriam sentar e embarcar numa jornada através de um álbum inteiro, do começo ao fim. É uma tragédia.


Bruna: Falar disso me leva ao seu álbum solo, que você disponibilizou para audição gratuita no Soundcloud e em plataformas tais com o Spotify. Como você tem encarado o fato de viver de música, mas de ver o crescimento das novas tecnologias, e até ser usuário delas?

Mike: As novas tecnologias podem ser uma benção, mas também uma maldição. Sites como Soundcloud e Spotify podem ajudar as bandas a alcançarem uma grande quantidade de pessoas, mas essa tecnologia também mata as vendas de CDs de bandas de todos os gêneros. Agora nós precisamos fazer turnês para sobreviver.



Bruna: Ainda sobre o seu álbum solo, eu quero te parabenizar: ele é muito bom! Faz tempo que eu não me animava de fazer uma resenha, e ouvir o seu trabalho foi bem refrescante, pois o grupo de músicos que te acompanha é impecável, especialmente o vocalista Allan Tecchio. Como vocês dois se conheceram e acabaram trabalhando juntos?

Mike: Eu conheci Alan em 2010 quando tocávamos numa banda chamada Seven Witches. Eu fiquei impressionado com ele. Seu estilo vocal tinha tanta força e ainda assim ele também podia cantar uma bela power ballad. Ele era exatamente o tipo de vocalista que eu precisava. Incrível!

Mike LePond e Alan Tecchio

Bruna: E o que levou você a decidir juntar um caldeirão de referências sonoras nesse álbum? É interessante porque é uma sonoridade muito familiar, mas ao mesmo tempo parece que nova e é extremamente amigável. Eu adorei os elementos folk, por exemplo.

Mike: Minha ideia foi de combinar os riffs do metal old school com a orquestração e produção que é usada atualmente. Isso deu à gravação uma qualidade única e moderna. E sim, minha influência do Blackmore's Night trouxe um elemento folk agradável para isso [o álbum].


Bruna: Lemmy Kilmister, David Bowie, Glenn Fey. Recentemente perdemos alguns grandes ícones da música que já estavam sofrendo a ação do tempo e da idade, e em contrapartida temos o cenário atual, com as bandas atuais. Você tem a sensação de que há renovação na quantidade e/ou qualidade da música pesada, ou a sensação de com o passar do tempo, a quantidade/qualidade da música tem sido abalada?

Mike: Tem sido surpreendente ver como o heavy metal mudou durante os anos de apenas guitarra, baixo e bateria para instrumentos folk, teclados e arranjos orquestrais. Eu acho que o Lemmy ficará orgulhoso enquanto ele assiste do céu.

Bruna: Seu álbum solo foi lançado em 2014, e o Symphony X vai começar esse ano a turnê européia de divulgação do novo álbum, “Underworld.” Quais são os planos daqui para frente? Quem sabe uma passadinha pelo Brasil..

Mike: 2016 será um ano bem ocupado para mim. Depois da turnê europeia o Symphony X irá para a América do Sul, e então passaremos pelo restante do mundo. Eu também estou no meio das gravações de um novo álbum do Silent Assassins. Eu amo trabalhar.


HMBR: Então é isso, Mike. Quero te agradecer demais pelo tempo dedicado ao site! Sucesso hoje e sempre. Por fim, deixe um recado para os nossos leitores, pois eu tenho certeza que eles vão adorar.

Mike: Para todos os meus fãs e amigos ao redor do mundo, muito obrigado por sua lealdade e suporte, Symphony X ama vocês. Mike LePond's Silent Assassins ama vocês. Nos vemos na turnê!

Postar um comentário

0 Comentários