Entrevista: Dave Evans (Primeiro vocalista do AC/DC)

(Entrevista publicada originalmente no HMBR em 18/09/2014)


E ai galera, beleza? Hoje é dia de mais uma das entrevistas que vocês adoram (tanto quanto eu), e eu converso ele que não apenas é um grande músico, mas também é uma parte da história do hard rock nosso de todo dia: Dave Evans, o primeiro vocalista do AC/DC.


Bruna: Hey Dave, como vão as coisas? Meu nome é Bruna e eu escrevo para o Hardmetal Brasil, e quero desde já agradecer pelo tempo cedido para essa entrevista, pois é uma honra poder ter contato com alguém tão importante na história da nossa música.
Dave: Olá Bruna, muito obrigado.

Bruna: Apesar de não ter gravado nenhum álbum com o AC/DC, você é considerado pelos fãs e pela crítica como o primeiro vocalista da banda. Olhando para trás, como você se sente ao ver que fez parte da base para a criação de um dos maiores nomes da história da música?
Dave: Será sempre parte do AC/DC e da minha própria história, e eu tenho o privilégio de ser um dos cinco co-fundadores da banda e de ter participado dos primeiros triunfos que colocaram o AC/DC no topo das bandas reconhecidas na Austrália na época, com o nosso primeiro single e clipe Can I Sit Next To You, Girl?/Rockin 'In The Parlour.

O single foi posteriormente nomeado como Melhor Gravação de Grupo de Rock Australiano do ano, o que todos os membros originais podem se orgulhar. Eu gravei uma quantidade de músicas para o nosso primeiro álbum incluindo, Soul StripperRock n Roll SingerLittle Lover e estávamos prestes a gravar o nosso primeiro trabalho digno de aplausos na época, Baby, Please Don't Go e duas outras músicas originais quando eu me separei da banda devido a diferenças irreconciliáveis, principalmente com a gestão.

Um vinil duplo a partir de uma gravação ao vivo (bootleg) foi lançado muitos anos mais tarde, chamado In The Beginning. Isto foi gravado sem o conhecimento do restante da banda em um pequeno hotel em Sydney quando estávamos tocando para trabalhar o novo baterista e baixista substitutos, Noel Taylor e Neil Smith (que descansem em paz) Agora é história do rock mundial e abriu o caminho para todos os outros que vieram depois para continuar o sucesso incrível da lenda que é o AC/DC.



Bruna: Na ocasião Angus começou a usar o famoso uniforme escolar como parte do figurino. Qual foi a reação de vocês a ideia dele?
Dave: Nós vínhamos nos apresentando há cerca de 6 meses e nosso novo single estava prestes a ser lançado, quando Malcolm e Angus nos informaram que uma decisão tinha sido tomada por eles e o irmão mais velho, George Young, anteriormente da banda australiana famosa nos anos 60, The Easybeats, e nosso produtor musical que Angus agora estaria usando um informe escolar caseiro e Malcolm usaria um macacão de cetim para o nosso próximo clipe e novo single.

Eles queriam que a banda tivesse o visual "britânico". O resto de nós estava pensando em algo para também usar seguindo essa linha de raciocínio, então tive a ideia de calças apertadas e botas na altura do joelho como uma popular banda britânica, Slade, nosso baixista e baterista também tiveram ideias de roupas adequadas. Tivemos muito sucesso e a nossa nova gravação subiu nas tabelas da Austrália após o lançamento.

Bruna: Com o Rabbit a sua carreira continuou em alta, até mesmo com apresentações na televisão em canais feito o NBN. Diferente do AC/DC, a banda já existia quando você chegou. Foi difícil se adaptar ao novo ambiente?
Dave: Rabbit foi uma banda muito popular de Newcastle, ao norte de Sydney, e eu podia ver o grande potencial na banda, mesmo que na época eles não tivessem gravado. Eles foram chamados A Rabbit e eram muito agitados ao vivo. Seu vocalista deixou a banda e fui apresentado a eles por um amigo em comum e a decisão urgente para que eu entrasse (para a banda).

Então nós simplesmente nos chamamos Rabbit com o lançamento do nosso primeiro álbum com a CBS Records. A banda foi descrita como frenética, selvagem e hedonista, e tivemos vários hits incluindo WildfireToo Much Rock e Let Me. O álbum, Too Much Rock n Roll também foi lançado na Europa e no Japão.



Bruna: Depois de passar por três bandas, você decidiu apostar na carreira de ator. Foi uma decisão baseada no cansaço, na vontade de expandir os horizontes como artista ou por outro motivo?
Dave: a década de noventa foi uma decepção para mim conforme a música grunge tomou conta de Seattle, nos Estados Unidos, e a música tornou-se deprimente e na opinião minha e dos meus contemporâneos, inclassificável. Trabalhei na indústria da publicidade e concentrado na atuação, desfrutado me apresentar em teatros ao vivo e sendo escalado para vários filmes australianos em papéis principais de filmes de pequeno orçamento tais como Come And Get It Leonora, na maior parte das vezes interpretando o vilão

Bruna: Em 2000 você foi convidado pela banda cover Thunderstruck para um memorial em homenagem ao falecido vocalista do AC/DC, Bon Scott. Posteriormente o show foi transformado no álbum "Hell of a Night". Qual foi a sensação de todo o processo? A decisão de participar do show, subir ao palco, recordar o legado de Bon e tornar o momento uma lembrança física para os fãs da banda.
Dave: Eu vivia em Sydney na época, um amigo de Melbourne ligou e me disse que ele estava agora em uma banda cover de AC/DC e estava fazendo um show especial do 20º aniversário da morte de Bon Scott. Fiquei surpreso com o quão rápido o tempo passou e parecia que ninguém no mundo na ocasião estava sequer reconhecendo o fato.

Meu amigo me perguntou se eu faria uma aparição especial com eles, visto que eu tinha conhecido Bon quando eu ainda estava no AC/DC, ele havia saído conosco em várias ocasiões e amado a banda. Também o encontrei depois que ele se juntou ao AC/DC e eu estava no Rabbit. Sempre fomos simpáticos uns com os outros nunca tive rancor dele tomar meu lugar, pois eu teria feito a mesma coisa se minha situação fosse igual a dele no momento da minha partida.

AC/DC tinha um disco de sucesso e nós estávamos em altas na época e Bon aos 29 anos estava realmente em um momento de baixa em sua carreira e ele realmente precisava da oportunidade que caiu no seu colo. Eu estava feliz em comemorar o legado do Bon com o AC/DC e não apenas de tocar as minhas primeiras músicas com o AC/DC, mas também alguns de seus grandes sucessos para os fãs para marcar esta especial, mas triste ocasião, especialmente porque ninguém sequer mencionou isso.

Eu tive a minha performance ao vivo gravada para a posteridade e chamei o álbum de Hell of a Night ("Um Inferno de Noite") e os fãs do mundo inteiro adoram e tenho recebido grande respeito por ter marcado este aniversário para os fãs do AC/DC. Foi uma noite muito emocionante para todos nós, a banda e os fãs que lotaram a The Edward's Tavern em Prahran, Melbourne para este evento especial.



Bruna: Depois de mais de 30 anos na estrada, com certeza você já viu muitas coisas e conheceu muitas pessoas. Que impressão você tem da atual cena hard rock após anos e anos de transformação?
Dave: Tendências e modismos de musicais vem e vão, mas felizmente para o verdadeiro hard rock com linhas de refrão cativantes e riffs de guitarra ainda são populares em todo o mundo, e eu mantive esta fórmula tal como o AC/DC e alguns outros nomes do hard rock ao longo dos anos e os fãs de rock ainda não se cansaram deste tipo de música. A maior parte as grandes gravadoras têm ignorado a música rock nos últimos 20 anos, mas existem ainda boas gravadoras que contraram bandas de rock e muitas bandas gravam e promovem-se através da internet, que não estava disponível há 20 anos atrás. Enquanto existirem fãs de rock por aí sempre haverá excelente rock.

Bruna: Sobre os shows no Brasil, quais são as suas expectativas e o que os fãs podem esperar deles?
Dave: Após todos estes anos de turnês na Europa e Estados Unidos e claro, Austrália, estou muito animado para vir ao Brasil pela primeira vez. Eu assinei meus álbuns solo, Sinner e Judgement Day com a gravadora brasileira Hellion Records no ano passado e agora eu tenho a oportunidade de me apresentar para os fãs do rock brasileiro com minha própria marca de hard rock, além das músicas AC/DC que eles amam. Eu sei que o Brasil verdadeiramente ainda agiram e eu estou ansioso para ver os fãs explodindo de emoção também.

Bruna: Por fim, uma curiosidade: se você pudesse formar um G3 de vocalistas de hard rock para cantar com você, quais seriam?
Dave: Seria ótimo tocar ao lado de grandes nomes como Paul Rodgers e Robert Plant, e acho que os fãs também gostariam de ver Brian Johnson agitando comigo.

Brian e Plant que me perdoem, mas.. Paul eu escolho você! < 3


Chegamos ao final de mais uma entrevista, e eu espero que vocês tenham gostado da nossa décima conversa. O Dave Evans se apresenta em 19/09 no Millenium Disco Clube de Pinhais (Curitiba/PR), em 20/09 no Pirata Rock Bar (Jaraguá do Sul/SC), em 26/09 no Taverna Snooker Bar (Várzea Paulista/SP) e em 27/09 no Gillans' Inn English Rock Bar (São Paulo/SP).


Bruna: Dave, deixe uma mensagem pros leitores do nosso blog que eu sei que eles vão adorar.

Para os fãs de rock brasileiro peço-lhes para vir aos shows com todos os seus amigos e agitar comigo e meus "Badasses Sul-Americanos" para mostrar ao mundo mais uma vez que o Brasil arrasa, e ter certeza de que vou voltar novamente ao seu belo país por muitos anos.


Mais informações em:
www.facebook.com/daveevansofficial
www.mwaweb.com/rocksectorbands_daveevans.htm
www.daveevansrocks.com
www.facebook.com/UltimateMusicPR
theultimatemusic.com

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