Comentando o segundo trailer de Mulher Maravilha


A representação das minorias é um problema antigo e muito real. Mulheres, negros, pessoas de cor (asiáticos, hispânicos), nem todos tem o seu lugar ao sol no mundo capitalista da elite europeia loira dos olhos azuis, o que se reflete, por exemplo, na história do próprio país onde eu e você vivermos, que lá fora é definido como "terceiro mundo." E no mundo nerd, segregação e preconceito acontecem demais. Infelizmente.

No caso das mulheres, de uns tempos para cá as moças do cinema e TV estão mais vocais sobre tudo: diferenças de salário, relevância dos seus papéis. O público feminino que ver mais moças nas telas! Por isso o filme da Mulher Maravilha não vem numa hora boa, mas numa hora perfeita, o que muito me anima, mas muito me dá medo.

Primeiro, vamos a ele:


Agora sim, vamos conversar.



Meu medo começa aqui: por onde passou a Mulher Maravilha virou sinônimo da força, inteligência e bom coração das mulheres, tornando ela num ícone do feminismo, e um dos mais famosos. E lidar com uma personagem desse calibre não é coisa pra qualquer um, ainda mais a Warner que me deixou desapontada pela distorção tendenciosa da relação Arlequina Coringa de Esquadrão Suicida. Não era para eu sair com a sensação de "tentaram fingir que é fofo," era para eu sair desconfortável com a verdade: o Coringa é um filho da mãe que só abusa da Harley.

Então, mesmo com o material até então promissor (como Esquadrão também era), mesmo com a passagem da Diana em Batman vs Superman tendo sido curta, porém marcante, lá no canto escuro do meu coração mora esse medinho que pudera, né. A Warner vive chutando bola no travessão.


Falando de Mulher Maravilha: uma das coisas mais animadores é o pé na história que o filme parece ter, mais exatamente a Primeira Guerra Mundial, aquela que "acabaria com todas as guerras," mas não fez bem isso. O conflito chega a pacífica e linda Themyscira, terra das amazonas, com homens invadindo um espaço deles e criando confusão como acontece no mundo real. Daí vem uma sequência de cenas de ação de soldados e amazonas muito boa, dinâmica e promissora, com destaque pra essa aqui, que me deixou na dúvida:


O saldo da amazona é fantástico, ao melhor estilo Attack on Titan. Mas o tiro acerta? Porque se acerta, é o motivador perfeito para fazer Diana deixar as amazonas e ir para o "mundo dos homens," afinal eles chegaram primeiro na terra dela, que ainda é jovem e acredita no bem das pessoas, pois se você viu Batman vs Superman, a Mulher Maravilha de lá é pós filme solo. É que a Warner vai contar a história ao contrário e queira Atena que dê certo, pois nem todo mundo consegue fazer uma linha do tempo quebrada como Star Wars com a mesma eficiência.

Agora vamos falar de uma das minhas partes favoritas do trailer:


Eu amo essa foto. Ela dá um ar de realismo fantástico muito bom ao filme, como se um dia você fosse ao CCBB e visse uma exposição com fotos de Atena e os soldados da Segunda Guerra Mundial, ou de Poseidon na Guerra do Golfo. E isso me empolga! Tem quem ache estranho eu gostar tanto da história de guerras porque parece uma coisa estranha, mórbida, talvez psicopata, mas não é a guerra em si. Do ponto de vista sociológico/histórico me fascina como isso mexe com as relações: amizades se reforçam (Band of Brothers), surge a coragem de fazer coisas históricas (Corações de Ferro).


Ainda falando de coisas que eu amo, quero muito ver como vão retratar a relação das amazonas, pois a história delas é tudo o que as mulheres de hoje deveriam ser: unidas, guerreiras, preocupadas com o bem estar umas das outras. Por enquanto as expectativas são as melhores.


Momento dois em um: quero falar da produção do filme e de uma coisa muito interessante que vem acontecendo com a personagem. Primeiro, a produção: é boa demais! O cuidado em recriar a época antiga no figurino, nos cenários, de dar as amazonas um ar medieval-esco que com a Rainha Hipólita (Connie Nielsen).


Segundo: é legal demais como recriaram um efeito comum nos filmes da Marvel.. Você se importa com a Diana. Eu não me importei tanto com o Batman ou Superman, e exceto pelas moças, não me importei com o Esquadrão Suicida. Só quis ver o circo pegar fogo e tamos aí. No caso da Mulher Maravilha é claro que eu quero ver ela brigar, mas também se adaptar a um mundo desconhecido, me preocupar com o que vai acontecer, pois é uma personagem inocente, embora ela saiba se defender muito bem.


Uma parte inevitável que me preocupa: como vão colocar o Steve Trevor (Chris Pine) nesse filme. Ele vai ajudar no disfarce da Diana "minha secretária," o que foi engraçado, mas eu tenho um medo absurdo de quando inventam de colocar qualquer % de romance mesmo onde já tenha romance mesmo. Eu não gosto. Então uma parte de mim gritou se fosse pra ver isso eu iria ver um filme da Julia Roberts, mas a outra se acalmou, porque pode ser só paranoia minha.

E eu realmente esperava que fosse. Mas a minha sorte não é muito boa.


É o glorioso Laço da Verdade apareceu. Suas definições de nostalgia Liga da Justiça Sem Limites feelings foram atualizadas. 


Um trailer com acrobacias gloriosas e Gal Gadot a mil por hora correndo por aí, chutando tudo e batendo com a espada como se não houvesse amanhã. E tem gente que ainda acha que isso não dá dinheiro (1), e que não tem gente querendo assistir (2). Well, lamento desapontar você que pensa assim.

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Por fim, como não falar disso? A Warner tem bom humor! E um humor feito com leveza, mas crítico que você percebe sem esforço. What a time to be alive.

Então é isso. Mulher Maravilha estreia nos cinemas do Brasil em 1 de junho de 2017, carregando não só o peso da questão feminista, mas a responsabilidade de ser rentável como Batman vs Superman e Esquadrão Suicida, porém com o apelo popular que esse filme em especial tanto merece. E que os outros não exatamente conseguiram. Será que rola?

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